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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Genizah entrevista Pr Geremais do Couto - Uma conversa franca sobre política e religião


 

Genizah entrevista Pr Geremais do Couto - Uma conversa franca sobre política e religião



O Pr. Geremias Couto é pastor, escritor, jornalista, conferencista e blogueiro. No inicio do mês, Genizah noticiou o lançamento de sua pré-candidatura deputado federal pelo Rio de janeiro na legenda do Partido da República. A reunião partidária contou com a presença do pré-candidato ao Governo do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho.

O Pr Geremias é muito conhecido no meio pentecostal, batista e também no reformado, onde tem grande penetração. A sua sólida presença na blogosfera cristã nos motivou a procura-lo para esta entrevista, na qual, o pastor opina sobre questões habitualmente relacionadas a política e a candidatura de pastores a cargos políticos.


1) Alguns defendem a ideia de que um pastor não deveria se envolver com política, tanto mais se candidatar a cargo público. Obviamente, o senhor discorda. Pode elaborar a sua posição?

Quer as pessoas gostem, quer não, a política afeta a vida de todos os cidadãos, inclusive os que professam a fé. Por outro lado, a primeira grande comissão dada por Deus ao homem foi a de governar ao prescrever a Adão que sujeitasse a Terra. Nesse sentido, o pastor é uma pessoa que não pode ficar alheia aos acontecimentos, alienada do que se passa ao seu redor, pois as ovelhas que pastoreia devem ser bem formadas para lidar com tudo quanto lhes afeta. Prepará-las para a cidadania, portanto, é parte de sua tarefa pastoral. O que não lhe cabe é impor cabresto eleitoral aos membros de sua igreja e transformá-la em balcão político.

Quanto à candidatura de um pastor, sou bastante transparente. Creio que se ele pastoreia e dedica tempo integral ao rebanho, não dá para misturar as sintonias. Certamente o pastorado ficará prejudicado. Mas há casos especiais em que um ministro pode vir para o mundo político para exercer uma missão, como foi o caso de Abraham Kuyper, na Holanda, que foi peça-chave para a humanização do trabalho naquela nação e deixou um enorme legado, do qual ainda podemos desfrutar, principalmente através de seus livros. Mas há um detalhe importante; ele se licenciou do pastorado para dedicar-se à vida política, mas levou consigo a sua vocação. Creio que esse deve ser o modelo para este ou aquele pastor que se sente "empurrado" para uma missão no mundo político: licenciar-se do pastorado.

2) Pode-se prescindir da política partidária a fim de promover a justiça e a cosmovisão cristã?

Necessariamente, a justiça e a cosmovisão cristã não dependem da política partidária. Mas sob esse ângulo a vida cristã é uma só. Ela não é dicotômica. Uma para a igreja, outra para o dito mundo secular. Não há dois "modus operandi". O que somos aqui dentro, na igreja, temos de ser lá fora. Como já dizia Abraham Kuyper, não há um espaço no Universo que o Senhor não reivindique como seu. Isto quer dizer que os princípios do Reino de Deus devem ser vividos em todas as dimensões da existência, o que inclui, também, a vida partidária e política. Precisamos de sal e luz em todos os ambientes. O desafio é se estamos sendo de fato esses dois símbolos empregados por Cristo para exemplificar a nossa vida de fé. Se não correspondemos a essa expectativa no mundo partidário e político, também não o estamos sendo no mundo da nossa fé pessoal. Volto a dizer: vida cristã é uma só.


3) O senhor abandonou a sua vocação de pastor para ser político?

Não abandonei a minha vocação até porque sempre respirei política e me vejo enquadrado nos pressupostos acima. No meu caso, não preciso licenciar-me, porque hoje sou pastor emérito, ou no linguajar de nossa denominação, sou presidente de honra de uma igreja local. Não tenho compromisso de pastoreio, nem parcial nem integral. Dedico o meu tempo ao labor teológico e ao ensino em eventos para os quais sou convidado. Mas não precisarei abrir mão de um pastorado. No entanto, a minha vocação sempre me acompanhará, pois os dons de Deus são dados sem arrependimento.


4) Vemos a bancada evangélica muito envolvida em uma luta para tentar impor a sociedade determinados valores que são coerentes com a nossa confissão de fé, mas que não representam o desejo do resto da sociedade. Igualmente, é grande o esforço no cerceamento dos direitos civis de alguns grupos e no que estes grupos entendem ser suas liberdades civis fundamentais. O que o senhor pensa sobre isto? E qual o senhor imagina devam ser as prioridades de um político cristão?

Creio que está implícito para qualquer político cristão que ele vivencie os valores do Reino de Deus em sua prática política. Isso tem desdobramentos tais que não dá para descrevê-los em poucas linhas. É óbvio que o mundo ocidental foi fundado na tradição cristã, mais não podemos usar a política para querer "cristianizar" o país. A bandeira do evangelho pertence à igreja e não ao mundo político. Mas como cristãos na política somos chamados a lutar para que certos valores imutáveis não sejam subvertidos sob pena de subverter a própria vida social. No entanto, não podemos ter uma agenda reducionista. Não podemos exercer a vida política com uma nota só. Cabe, aqui, a orientação de Jeremias para os exilados em Babilônia: busquem a paz da cidade, ou, de outra forma, parafraseando: contribuam para o progresso do país, para a sua segurança, para a diminuição das desigualdades sociais, para a aplicação da justiça, pois assim todos sairão ganhando, inclusive, vocês.


5) O senhor está se candidatando pelo partido do Antony Garotinho. Por que ele é o melhor candidato para o governo do Rio de Janeiro? O que o senhor pode nos dizer acerca do seu caráter?

Conheço Anthony Garotinho há mais de 20 anos. Acompanhei o seu processo de conversão, bem lá atrás. Ele foi, inclusive, discipulado por um amigo comum a mim e a você: Antonio Carlos Costa. E óbvio que como qualquer um de nós ele tem os seus defeitos, mas também tem as suas virtudes. É um homem de família, nunca se enriqueceu na política e bastante batalhador. É, hoje, um dos deputados federais mais atuantes em Brasília. Mas o grande inimigo de Garotinho é o preconceito, Acham, por exemplo, que ele é populista só porque implantou mais programas sociais do que outros governantes. Mas até os Estados Unidos, o maior modelo de capitalismo, têm políticas compensatórias semelhantes as que Garotinho implantou no Rio. No entanto, essas pessoas que lhe caluniam se esquecem de propósito do muito que ele fez em favor de todas as classes sociais. A Rede Globo fez de tudo para destruí-lo. Não conseguiu. Mas ela não informa, por exemplo, que Garotinho ganhou várias indenizações do Sistema Globo pelas calúnias publicadas contra ele. Enfim, se formos comparar os quase oito anos de Garotinho e Rosinha à frente do Governo com os quase oito anos de Cabral e Pezão, o governo atual perde em todas as frentes.






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