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domingo, 8 de junho de 2014

Uma ambição gloriosa?

Uma das primeiras canções sobre Paixão que eu gostei de cantar é “Uma pura e santa Paixão”. O refrão resume a canção:
Dê-me uma paixão pura e santa
Dê-me uma magnificente obsessão
Dê-me uma gloriosa ambição em minha vida
De conhecer e seguir verdadeiramente a ti
Essa letra representa uma oração sincera e repleta de ambição. É certo ser tão ambicioso sendo cristão? Afinal de contas, a Bíblia não fala negativamente sobre ambição?
Não exatamente.
A Bíblia condena um tipo de ambição, a ambição egoísta. Paulo fala contra fazer qualquer coisa por ambição egoísta ou vanglória (Filipenses 2.3). Tiago nos fala que ambição egoísta leva à “confusão e toda espécie de coisas ruins” (Tiago 3.16). O perigo, no entanto, é pensar que a ambição em si deve ser evitada completamente.  Paulo, Tiago e a Escritura nos alertam contra a ambição egoísta. Como, por exemplo, quando Jesus orou em seu tempo de agonia: “não minha vontade, mas que seja feita a tua vontade”.
Uma abordagem alternativa à ambição egoísta que tem sido erroneamente adotada é pensar que é melhor passar o tempo empurrando a vida com a barriga. Não há a necessidade de se empolgar com as coisas, estabelecer objetivos, aceitar desafios ou viver em busca de grandes realizações ou utilidade. A mentalidade aqui é que a mediocridade é uma alternativa melhor do que o extraordinário, uma vez que você não precisa se preocupar em conseguir créditos ou se gabar de uma forma pecaminosa e autorreferencial.  Espero que a maioria de nós conclua que essa não é uma alternativa aceitável à ambição egoísta. Entretanto, quando consideramos nossas vidas, é como se fôssemos mais vulneráveis a sermos levados pela vida do que vivermos com ambição egoísta.
Nem ambição egoísta nem empurrarmos a vida honram a Cristo. Temos de rejeitar ambas e buscar uma abordagem bíblica para lidar com a ambição. A ambição pode ser definida (de acordo com o dicionário Webster) simplesmente como “o desejo de alcançar um fim específico”. Essa curta definição possui três palavras-chave: desejo (referindo-se ao coração), alcançar (referindo-se à vontade) e fim (referindo-se à mente). Quando sou verdadeiramente ambicioso, minha mente, meu coração e minha vontade estão completamente engajados. Sob a influência e liderança do Espírito Santo, essas faculdades são utilizadas como componentes redentores de uma ambição gloriosa por viver de todo coração por Jesus Cristo.

Deus é ambicioso?

A primeira razão pela qual cristãos devem ser ambiciosos é porque Deus é ambicioso. À luz da mencionada definição, é certo sugerir que Deus possui o desejo de alcançar um fim específico? Absolutamente! Deus possui um objetivo para tudo o que faz.  Nós vemos isso claramente e da forma mais magnífica possível no livro de Apocalipse. É a restauração de todas as coisas – Ele trazendo seu povo redimido e glorificado para junto de Cristo para gozarem de sua presença. Deus propôs reconciliar todas as coisas para Ele (Colossenses 1.20) por meio de Jesus, em quem todas as coisas são unidas (Efésios 1.9-10). Deus focou todo o seu trabalho para esse fim, e toda a história redentiva aponta para os propósitos e mistérios de Deus, os quais estão revelados em Jesus Cristo.
Deus não tem apenas um objetivo final, Ele possui desejos diretamente ligados a esse objetivo final. Deus expressa sua bondade em tudo que fez, mas exibe o seu amor por meio da entrega de seu Filho. A paixão de Deus para alcançar seus propósitos é demonstrada pelo fato de Ele não reter seu Filho de nós (Romanos 8.32). Jesus veio para que tivéssemos a mesma alegria que o Pai teve Nele (entre as Pessoas da Divindade) através de toda a eternidade (João 15.11; 17.13).  Os desejos de Deus não são misturados com pecado ou enfraquecidos pelas limitações humanas. Eles são eternamente fortes e puramente transcendentais. O desejo de Deus é para que a sua glória seja exibida por meio da alegria do seu povo totalmente envolto naquilo que Ele é para eles em Jesus Cristo.
Deus também está determinado a alcançar o fim específico que Ele tanto deseja. O seu reino virá. A sua vontade será feita na Terra como no céu. Deus cumpre com tudo aquilo que Ele se propõe a alcançar, e suas promessas são nossa garantia de que a sua mão onipotente é poderosa na batalha, segurança na tempestade e guia na jornada de volta para casa. Para aqueles que chamam Deus de Pai, isso é um constante lembrete de nossa predeterminada e amorosa adoção por Ele, com o fim ter-nos para si – logo aqueles que uma vez foram rebeldes e traidores de sua boa e graciosa lei.
Você pode dizer que Deus é apaixonado (deseja) por manter suas promessas (realizações) com o fim de completar seus propósitos (fim específico) no mundo. Deus escolheu se revelar para nós por meio de sua Palavra de forma tal que seu povo construiria suas vida na fundação de sua ambição no mundo. Cristãos devem ser ambiciosos porque o Deus que eles representam é ambicioso. Mas com o que essa ambição se parece na vida dos cristãos?

Uma ambição gloriosa

Como seguidores de Jesus Cristo, nós devemos ter uma ambição gloriosa. Ambição pode ser vista como extraordinárias realizações na vida, mas eu argumentaria que ambição é gloriosa no ordinário. Paulo disse que quer comamos ou quer bebamos, que o façamos para a glória de Deus (1 Corintíos 10.31). Nada é mais ordinário do que comer e beber. Nada é feito de forma mais comum e impensada do que comer e beber. Mas Paulo diz que os Cristãos fazem o ordinário de uma maneira diferente do mundo. Eles fazem com ambição gloriosa. Eles querem comer e beber de um jeito que Jesus seja mostrado e que sua grandiosidade seja revelada ao mundo em torno deles. Deus merece ser exaltado em todas as esferas de nossa existência, e isso inclui ter um desejo de cumprir o fim específico mesmo quando comemos ou bebemos.
Uma ambição gloriosa também inverte o que mundo pensa sobre ambição. Jesus nos ensinou que aqueles que desejarem ser os primeiros serão os últimos e servos de todos (Marcos 9.35). Ele disse que aqueles que se exaltam (ambição egoísta) serão humilhados, mas aqueles que se humilham serão exaltados (Lucas 9.14). Ele disse que o cumprimento não é ser servido, mas servir os outros (Mateus 20.28). Jesus inverteu a filosofia sobre ambição do mundo ensinando-nos que a parte de cima está de cabeça para baixo, o modo de salvar a própria vida é perdê-la, e a forma de realmente viver é morrendo para si diariamente. Não é de se admirar que Paulo diga coisas como “se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1 Coríntios 15.19) e se refere a si mesmo e aos outros em outros lugares como “lixo do mundo” (1 Coríntios 4.13). Eles abraçaram uma ambição gloriosa não intuitiva à ambição do mundo, enquanto, ao mesmo tempo, é uma ambição que fez com que o mundo não fosse mais o mesmo.
Os seguidores de Jesus deveriam ter uma ambição gloriosa baseada do Evangelho de Deus, canalizada por meio da igreja, e que tenha por objetivo a glória Dele. Nossas mentes deveriam mirar e focar unicamente, sem debate ou dúvida, na magnificência do nome de Jesus como nossa meditação principal e ideal supremo. Nossos desejos devem ser pulsantes, cheios de paixão, totalmente direcionados à supremacia de Cristo em todas as coisas. Nossas vontades devem ser firmes e resolutas no modelo de vida cruciforme que o nosso Senhor viveu. Esse tipo de ambição é gloriosa, porque nós encontramos nossas ambições envoltas na ambição de Deus por Sua glória.
Traduzido por Victor Bimbato | Reforma21.org | Original aqui
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