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segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

O AZEITE DA VIÚVA

 

                     O AZEITE DA VIÚVA

                                    Pr Manoel Barbosa da Silva

 

2. Reis 4: 1-7

Uma das mulheres que me chama a atenção na Bíblia e me comove é esta mulher do capítulo quatro do livro dos Reis.

Quem era essa mulher?

A Bíblia a apresenta como sendo esposa de um dos discípulos dos profetas, a esposa de um aluno de teologia que estudava na escola dos profetas que ficava em Jericó.

No tempo do profeta Elizeu, havia algumas escolas chamadas de escolas dos profetas. Nessas escolas os alunos aprendiam, além de ler e escrever, noções de direito, pois poderiam se tornar juízes, noções de saúde, e todo o cerimonial religioso, pois esses alunos poderiam vir a ser sacerdotes ou trabalhar como levitas.

Quem já foi para faculdade, depois casado, sabe das dificuldades que passa para conciliar as atividades acadêmicas, e a família, principalmente no que se refere à manutenção, a menos que seja rico.

A vida desse aluno, esposo dessa mulher, imagina-se que fosse difícil, e para piorar a situação, ficou doente.

Doente, sem poder trabalhar e ganhar dinheiro, para as despesas da casa e compra de remédios, passou a tomar dinheiro emprestado a um agiota, na esperança de que, quando sarasse, daria um jeito da pagar.

Não sarou, morreu, e a viúva ficou devendo.

Em todos os lugares e em todas as épocas, os agiotas agem iguais, não tem dó de ninguém, matam até, mas recebem o que emprestaram.

O credor daquela viúva foi receber a conta. Como ela não tinha com o que pagar ele quis lhe tomar os filhos, para vender como escravos, e reaver seu dinheiro.

Era comum, naqueles dias pessoas serem vendidas para a escravidão. José é um exemplo.

Ela, desesperada, procurou o pastor.

É sempre assim, na hora do aperto, o pastor é lembrado.

Pode ser doenças, desemprego, crise conjugal, falta de dinheiro, qualquer problema, o primeiro a ser chamado é o pastor.

Pastor me ajuda. Certamente, você já ouviu isto.

Resposta do pastor. Que posso fazer? Parece que naqueles dias, os pastores, eram iguais aos de hoje, não tinham dinheiro.

Só que o pastor Eliseu possuía mais fé do que eu. 

E aquela mulher tinha mais fé do que todos nós.

Não sei se um de nós faria o que fez aquela mulher.

“O que você tem em casa?” O profeta pergunta.

E ela responde “nada, a ao ser, um pouco de azeite. ” “

É suficiente”, diz o homem de Deus e com aquele pouco de azeite fez um dos milagres mais bonitos da Bíblia.

“Vai”, disse ele. “pede emprestadas vasilhas a todos os teus vizinhos; vasilhas vazias, não poucas”. Ela fez o que lhe foi ordenado.

É por isto onde fico comovido com a fé e a simplicidade daquela mulher.

Se em uma situação de emergência, você chegasse para o pastor, pedindo auxilio, e ele te mandasse fazer o mesmo, você faria?

“O que você tem em casa?” Pergunta o pastor. “Nada”. Você responde. 

“Nada mesmo?” 

“Tenho meio litro de óleo de soja, e só”. Então ele diz: Então ele diz. “junta muitos baldes, latas, garrafas pets, mas muitas, e derrama o meio litro de óleo nelas”. Você faria?

Eu fico a imaginar aquela mulher e seus filhos batendo de porta em porta pedindo emprestado; potes, cântaros, talhas, bacias .... Quando a casa estava cheia de vasilhas, ela começou a derramar o óleo nas mesmas, não parava; uma, duas, três, todas. Quando disse a um dos filhos, “traga mais uma’, o menino respondeu, “não tem mais vasilha nenhuma”, então o azeite parou”.

Não secou, por que as benções de Deus não secam, apenas parou. As bênçãos de Deus só param no final de nossa fé.


LIÇÕES

A Bíblia é nosso guia, todas as suas histórias estão repletas de lições para nossa vida pessoal, para nosso ministério e para a vida da igreja. São lições simples, óbvias, mas que firmam nossa fé nesse nosso Grande Poderoso Deus, e nos anima a prosseguir em nosso ministério.


1.                    A primeira lição que me vem à mente, ao ler esta história, é que; ninguém está isento de passar por problemas apenas por que é fiel.


2.                    Religião não é seguro contra problemas, como ensina a teologia da prosperidade.

Os fieis, tanto quanto os infiéis passam pelos mesmos problemas e dificuldades da vida.

Aquele moço era fiel, o profeta Elizeu o conhecia e sabia disto, por isso, a mulher falou. ”Meu marido temia ao Senhor”.

Era um estudante que estava se preparando para o ministério, ou seja, era um servo de Deus, porém ficou doente e além de doente ficou devendo.

Por que crente fica doente, fica devendo, fica com restrição no Serasa, no SPC, na padaria, na farmácia? Porque os Crentes passam pelos mesmos problemas de todo o mundo, assim como recebem as bênçãos que Deus dá para todo o mundo


3.                    Pastores

Pastor também passa por dificuldades. Doenças, dívidas, desentendimento na família, problemas com os filhos, problemas de rejeição na igreja, membros que ficam comparando-o com o pastor anterior, e dizendo. “O pastor fulano era muito melhor”.

Às vezes, o pastor tem desentendimento com colegas, e algumas vezes, até com a administração. Já vi colegas serem transferidos apenas por que o presidente não gostava da cara dele. “Comigo você não trabalha”, dizia.

Culpa do pastor? Não. É que a vida é assim. Todos passam por dificuldades, só muda o tipo, mas elas sempre virão. “No mundo tereis aflição...”, “já li isto em algum lugar”.


4.                    Membros da igreja.

Os membros da igreja também enfrentam dificuldades.

 a)                   Uns tem problemas com outros, na igreja, questão de relacionamento. Um não vai com a cara do outro

b)                  Problemas em casa. Desentendimento entre marido e mulher, entre pais e filhos,

c)                   Problemas com os colegas de trabalho, problemas com o chefe,

d)                  Outras dificuldades. Dificuldades financeiras, doenças, desemprego, dívidas,...

 

5. outra importante lição desta história, é que precisamos de um ombro para chorar. Alguém com quem desabafar. Alguém para dizer: “Por favor, me ajuda. ”

 

Experiência

Um novo convertido foi entrevistado por um irmão experiente da igreja. Lhe foi perguntado como ele estava se sentindo agora, convertido, membro batizado, se estava feliz.

Resposta. “Cara, para ser sincero, não”. “Sinto muita saudade do barzinho da esquina. Lá é muito democrático. A gente conversa, conta piadas, fala bobagens, na certeza que ninguém ali vai assumir um ar de santidade e repreender a gente”.

A gente chega, senta na roda de amigos, e abre o coração. “cara, hoje eu pisei na bola, fiz uma grande sacanagem com minha esposa, estou até com vergonha”. Ou, minha esposa me traiu, que eu faço? ”. Lá no boteco, qualquer coisa que a gente contar, recebe a atenção dos amigos, a solidariedade dos colegas, e a certeza que o assunto fica ali mesmo.

Aqui na igreja me sinto só. Não tenho com quem conversar. Não tenho com quem repartir minhas mágoas, sinto saudades do boteco.

Não estou feliz na igreja

 

Esse é o nosso problema. Os crentes em crise nos procuram. Contam suas mágoas, seus pecados, suas dúvidas, seus problemas, e nós os ajudamos, ou pelo menos tentamos.

E nós, vamos procurar quem? Somos humanos, vivemos no mesmo planeta, também somos tentados, enfrentamos dificuldades, doenças, desespero. Na hora da crise, a quem devemos pedir socorro?  Mais do que orar, precisamos abrir o coração com alguém.

Porém temos medo de abrir o coração a um amigo e o assunto vazar.  Temos medo de abrir o coração à administração e passarmos por fracos, ou incompetentes. Sendo assim, carregamos nossos fardos sozinhos. Feliz aquele que tem uma mulher compreensiva.

Graças a Deus temos neste campo, nesta missão, uma administração confiável, onde podemos ficar à vontade. Mas já vi em meu ministério, presidentes que causavam medo.  Um deles, em um ano e meio, trocou quase todo o corpo de obreiros, ou transferindo, ou trocando por outros, de outros campos ou simplesmente mandando-os embora.

 

Aquela mulher tinha onde chorar, onde pedir socorro: a casa do profeta. Ali encontrou o alívio necessário.

Ele não tinha dinheiro para socorrê-la, mas sabia onde fica a fonte de toda a riqueza, todo poder, e ela tinha plena confiança nas palavras daquele servo de Deus. E muita fé, pois seguiu ao pé da letra a orientação do profeta.


6. Outra lição.

As ordens de Deus, muita delas, não tem lógica. Do ponto de vista humana são loucuras.

Não fazia nenhum sentido: alguém está endividado, com o risco de perder os filhos, sair por aí pedindo vasilhas emprestadas na vizinhança, para untá-las com o pouco do óleo que restava.

Mas a fé daquela mulher foi grande suficiente para crer nas palavras do homem de Deus.

 

7. Loucuras

Se você deseja alcançar algumas metas, faça loucuras. Acredite, e vá em frente, deixe que te chamem de louco, não importa.

Temos na Bíblia muitos exemplos de fatos, que do ponto de vista humano não faria sentido. Mas deu certo, por que Deus usa o que temos para fazer os seus milagres.

Moisés usou um cajado. Davi, algumas pedras, Pedro uma rede de pesca, um menino, com cinco pães e dois peixes, e a mulher, o pouco de óleo que restava.

 

8. Outra lição.

Para recebermos “o óleo” precisamos buscar as vasilhas. Não se consegue nada em casa chorando e lamentando “ninguém gosta de mim, ninguém me ajuda, estou só...”

Quer ter sucesso? Busque as vasilhas que o óleo virá.


9. As bênçãos de Deus nunca se acabam.

Elas apenas param no final de nossa fé. Se aquela mulher tivesse buscado o dobro das vasilhas, teria recebido óleo para todas. Poderia ter se tornado a maior distribuidora de óleo do país, se tivesse buscado vasilhas para tanto.

 

10. Outras aplicações.

Vivemos em um mundo que está cheio de pessoas escravizadas.  Pelas drogas, prazeres, status, sucesso, falsas religiões e etc. E o grande “agiota” cobra um preço muito alto pelo resgate desses escravos.

Nossa missão é resgatá-las. Se elas não vem a nós, mesmo assim, devemos buscá-las. Somos o agente. Somos o profeta e ao mesmo tempo a vasilha.

Para que possamos alcançar o objetivo temos que estar vazios e cheios. Esvaziar-nos do eu e nos encher do Espírito Santo.

 

11. Esse milagre também nos lembra do maior milagre de todos:

O perdão que recebemos, pela graça, de todas as nossas dívidas, com o Senhor, por meio da fé em Jesus Cristo.

Nós mesmos éramos os filhos, que estava sendo levados para a escravidão, mas Jesus nos resgatou.


12. Elizeu não teve que pagar coisa alguma para que Deus provesse o dinheiro para quitar a dívida daquela mulher, mas Jesus teve que pagar com a sua vida, para que os nossos pecados fossem perdoados.


13. Que possamos ser sempre gratos a Deus por este dom maravilhoso.

A nossa salvação. E a este chamado, para livrar outros da escravidão do pecado.

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