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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

O criacionismo e o novo espetáculo paralelo de Satanás

O criacionismo e o novo espetáculo paralelo de Satanás

fumaçapor Michelson Borges
Em meados do século 19, Deus despertou pessoas em várias religiões com uma mensagem de advertência ao mundo: Jesus estava voltando e Seu juízo era iminente. Homens e mulheres sinceros e dedicados a Deus se puseram a estudar a Bíblia. Nos Estados Unidos, o ex-deísta e pregador batista William Miller foi figura de destaque. No Chile, o padre jesuíta Manuel Lacunza escreveu um livro sobre a volta de Jesus. Na Europa também houve os que tiveram a atenção voltada para as profecias apocalípticas. O mundo (especialmente a América) experimentou um verdadeiro reavivamento espiritual. Multidões aguardavam com expectativa a segunda vinda de Cristo (de acordo com a revista Reader’s Digest, cerca de um milhão de pessoas, só nos Estados Unidos, que na época tinham uma população na casa dos 17 milhões). O estudo das profecias de Daniel levou os mileritas (como ficaram conhecidos os seguidores de Miller) a concluir corretamente que algo especial ocorreria em 22 de outubro de 1844. Eles acertaram a data, mas erraram o evento. E disso decorreu grande decepção – o evento que passou para a história como o Grande Desapontamento de 1844.
Jesus não voltou, como os mileritas esperavam, mas dessa decepção Deus fez surgir um grupo de cristãos que, em lugar de abandonar a fé ou voltar às suas antigas denominações religiosas, tomou a decisão de se voltar para a Bíblia em busca de mais esclarecimento. Oraram fervorosamente pedindo ajuda ao Espírito Santo, e o Senhor não os desapontou. Aos poucos esse grupo de crentes foi descobrindo verdades preciosas, como a de que em 22 de outubro de 1844 Jesus iniciou o juízo investigativo no santuário celestial, conceito desconhecido dos cristãos até então. Redescobriram também a verdade do descanso sabático e de que o sábado do quarto mandamento da eterna lei de Deus é o memorial da criação. Encheram-se de esperança ao constatar que Jesus vai voltar, sim, embora não saibamos quando, e que nessa ocasião Ele ressuscitará os santos que “dormem” inconscientemente no pó da terra. Esse grupo de adventistas, que mais tarde seria organizado com o nome de Igreja Adventista do Sétimo Dia, percebeu que é importante realizar e promover a reforma de saúde, a fim de que corpo e mente estejam nas melhores condições possíveis para servir ao próximo; perceberam que no grande conflito entre o bem e o mal é vital ter uma mente clara para compreender as Escrituras e se conectar com o Céu (saiba mais sobre essa história aqui).
No texto de Apocalipse 14:6 e 7, esses cristãos viram uma verdadeira diretriz de trabalho: “Vi outro anjo, que voava pelo céu e tinha na mão o evangelho eterno para proclamar aos que habitam na terra, a toda nação, tribo, língua e povo.
Ele disse em alta voz: ‘Temam a Deus e glorifiquem-nO, pois chegou a hora do Seu juízo. Adorem aquele que fez os céus, a terra, o mar e as fontes das águas.’”
Compreenderam que esse anjo representa um povo que deve proclamar ao mundo o evangelho imutável (eterno), que traz, além da mensagem de graça e salvação, o aviso do juízo e o convite à adoração do Deus verdadeiro, aquele que criou o Universo. Não um Deus qualquer, mas aquele que na Bíblia é identificado como o Criador. Para não deixar dúvidas quanto à identidade desse Deus que deve ser respeitado e adorado, o apóstolo João utilizou praticamente a mesma fraseologia do mandamento do sábado: “…porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e ao sétimo dia descansou” (Êxodo 20:11).
Conforme destacam autores acadêmicos e estudiosos do assunto, com o adventismo (em especial com os escritos da pioneira adventista Ellen White e do escritor e pesquisador George McCready Price) renasceu também o criacionismo, ou seja, a defesa com base na Bíblia e na ciência de que Deus criou o Universo e a vida; que Ele preparou em seis dias literais consecutivos de 24 horas a Terra para ser habitada por seres vivos inteligentemente desenhados. Essa mensagem, essa redescoberta foi tão poderosa, que criou uma verdadeira trincheira contra os avanços do darwinismo e do neoateísmo iluminista pós-Revolução Francesa. É claro que o diabo não gostou nada disso.
Podemos chamar de “espetáculo paralelo” os esforços empreendidos pelo inimigo do Criador no sentido de ofuscar o despertamento criacionista do século 19. Satanás é especialista em levantar “cortinas de fumaça”, e foi exatamente o que ele fez. Num raio de cerca de dez quilômetros a partir da fazenda de Hiram Edson (o pioneiro adventista que primeiro compreendeu a verdade relacionada com o santuário celestial e o início do juízo investigativo), em Clifton Springs, estado de Nova York, surgiram também o espiritismo moderno (em 1848, na casa da família Fox, em Hydesville), o mormonismo (em 1827, com o encontro de Joseph Smith com o espírito chamado Moroni, em Palmyra) e a comunidade religiosa vegetariana, perfeccionista e polígama de Oneida (em 1848, liderada por John Humphrey Noyes, que pregava o “casamento complexo” ou “matrimônio grupal”, em que todo mundo estava disponível para todo mundo). Depois de algum tempo, autoridades locais decretaram o fim da comunidade de Oneida e Noyes fugiu para o Canadá. Em 1844, o também polígamo Joseph Smith foi assassinado enquanto tentava fugir da Cadeia de Carthage.
Com tantos pregadores e movimentos exóticos, seria fácil considerar os adventistas e sua profetisa também falsos e fanáticos. E o “espetáculo paralelo” não se limitou àquela região dos Estados Unidos. No mesmo ano em que nasceu o espiritismo moderno e foi fundada a comunidade Oneida, veio à luz o Manifesto Comunista de Friedrich Engels e Karl Marx (os dois se encontraram pessoalmente em 1844). Em 1859, foi publicado o livro A Origem das Espécies, cujo rascunho começou a ser escrito exatamente em 1844. Resumindo: uma avalanche de maus testemunhos, distorções doutrinárias e ideologias concorrentes.
O tempo passou, cada lado desse conflito prosseguiu com seus planos e projetos (frequentemente os filhos das trevas sendo mais prudentes e espertos que os filhos da luz [Lucas 16:8]), e eis que, no século 21, todas aquelas “cortinas de fumaça” ressurgiram com força, mais variadas, e se tornaram uma fumaceira gigantesca graças aos modernos meios de comunicação. Quer exemplos?
  1. Ideologia de gênero e poliamor. De acordo com a visão criacionista bíblica, Deus criou um homem e uma mulher para viverem uma relação de compromisso heteromonogâmica. Na comunidade Oneida ninguém era de ninguém, e a ideologia marxista tem o mesmo pensamento em suas bases. Atualmente, pregar a heteronormatividade e a santidade do casamento bíblico é um convite ao escárnio, a receber a alcunha nada elogiosa de “fundamentalista”. Mas aqueles que creem na literalidade do primeiro capítulo da Bíblia não podem interpretar o casamento de outra forma.
  1. Espiritualismo e ufologismo. Graças à poderosa indústria cultural (especialmente a de Hollywood), ideias como reencarnação, contato com os mortos, com espíritos e com extraterrestres são cada vez mais populares e aceitas. Na base dessas coisas está o pensamento de que o ser humano é imortal, pode evoluir ou será ajudado por seres mais evoluídos de “outros planos”. Deus é desnecessário – do jeito que o diabo gosta.
  1. Darwinismo e socialismo. Embora pareça aos menos atentos que essas ideologias nada têm que ver uma com a outra, elas são como unha e carne. O próprio Marx escreveu que o darwinismo representa “o fundamento natural” da sua teoria. Amplamente divulgados nos meios acadêmicos e pela mídia, o darwinismo e o socialismo criaram um ambiente cultural favorável à relativização das verdades bíblicas (e até da rejeição delas) e ajudaram a colocar Deus de lado, afinal, a humanidade está destinada à evolução – biológica e social.
  1. Veganismo e vegetarianismo. O adventismo ajudou a resgatar o conceito de “reforma de saúde”. A relação do ser humano com Deus é o foco, e a inspiração para uma vida tão ideal quanto possível sempre vem do primeiro capítulo da Bíblia, que nos ensina também sobre a boa relação de uns com os outros, com os animais e com o planeta. O guardador do sábado é convidado semanalmente a se lembrar dessas coisas. O veganismo tem traços de darwinismo e prioriza o bem-estar dos animais e a preservação da “mãe Terra”. Enquanto alguns veganos consomem cafeína e álcool, por exemplo, deixam de usar artigos de couro e mel, pois vêm de fontes animais. Campanhas veganas se valem de nudismo e de discursos de ódio contra os carnívoros, atraindo desprezo e aversão. O vegetarianismo pregado pelos adventistas tem outros fundamentos e propósitos.
  1. Perfeccionismo. O âmago da terceira mensagem angélica é a doutrina da justificação pela fé, ou seja, dependência total de Deus, especialmente no que diz respeito à salvação. O perfeccionismo religioso vai na direção oposta e ensina que o ser humano pode ser perfeito e imaculado com base em seus esforços por cumprir a lei de Deus (publicamente eles dirão que não é assim, mas na prática as coisas são diferentes). O espírito perfeccionista de Oneida ressurge e alguns hoje se sentem tão inadequados para viver entre os “mundanos” que decidem se afastar de todos, mantendo uma vida ascética e, no fundo, considerando-se espiritualmente superiores. No tempo dos pioneiros adventistas, o movimento da “Carne Santa” representa bem esse tipo de insanidade.
  1. Pseudociências. O criacionismo é a união coerente entre a boa teologia bíblica e a boa ciência. Estudando os dois livros de Deus – a Bíblia e a natureza –, os criacionistas podem restaurar o verdadeiro conhecimento a respeito do Criador e de Suas obras. Ciente do poder desse modelo conceitual, o inimigo vem alcançando sucesso em pleno século 21 com a disseminação de conceitos pseudocientíficos como a ideia da Terra plana e as campanhas contra a vacinação, para mencionar apenas dois exemplos, geralmente relacionados (porque conspiracionistas adoram conspirações). Relacionando o terraplanismo e a antivacinação com o criacionismo bíblico, os defensores dessas ideias atraem o escárnio, mais ou menos como faziam Smith, Noyes e outros.
Percebeu por que precisamos, mais do que nunca, clamar pelo poder do Espírito Santo e, como os pioneiros, enfrentar o erro com a força da verdade? Precisamos estudar atenta e profundamente a verdadeira ciência e a Bíblia Sagrada, a fim de dar ao mundo a mensagem correta, que instrui, desperta e salva.
O diabo é o pai da mentira. Vamos derrotá-lo com a verdade, ao lado do Senhor da verdade!
(Michelson Borges é pastor, jornalista, escritor, especialista em Teologia e pós-graduando em Biologia Molecular)

quinta-feira, 6 de abril de 2017

O Perfeccionismo e Sua Cura

O Perfeccionismo e Sua Cura

01/12/2010 15:40
 

Quem já não ouviu falar de pessoas que eram ativas na igreja, zelosas e fiéis, e que, de súbito, sem uma razão aparente, abandonaram a fé?
Provavelmente tenham sido vítimas do perfeccionismo, um mal muito comum entre os crentes, e até mesmo entre líderes religiosos. É verdade que nem sempre os perfeccionistas chegam à apostasia, mas é bem provável que, mesmo dentro da igreja, eles se tornem infelizes e descontentes, em vez de cristãos alegres e confiantes.
O  que é perfeccionismo? É um sentimento interior de insatisfação com aquilo que se faz, ou com aquilo que já se alcançou, principalmente no que se refere às coisas religiosas. É uma preocupação constante de ainda não ter agradado a Deus o suficiente. Uma pessoa assim está sempre procurando alguma coisa, sempre lutando, e geralmente carrega uma sensação de culpa, por achar que não está conseguindo tudo o que imagina que Deus espera dela. É como se ela estivesse se esforçando para chegar até Deus, O qual ela vê como estando no alto de uma escada. Assim, ela se põe a subir, degrau por degrau, com todo o empenho e abnegação. Mas chegando ao alto, ela descobre que Deus avançou mais três degraus. Então ela resolve esforçar-se um pouco mais. E sobe, e luta, mas quando chega lá, o seu Deus já subiu mais três degraus. Todos nós podemos ser presa dessa distorção religiosa. Pode ser um jovem, no vigor de seu idealismo. Pode ser um crente humilde, na sua simplicidade. Pode ser um professor ou um pregador. Se for um pregador, ele irá procurar incutir esse sentimento em toda a sua congregação, através de infinitas regras e exortações. Se for um administrador, ele tentará manter seus liderados sob essa tensão do dever nunca cumprido suficientemente, sempre um pouco mais além do que o alcançado. Alguém perguntou a um cristão com essas características: “O que é Deus, para você?” A resposta foi: “Deus? Ah, para mim Deus é aquela vozinha interior que está sempre dizendo: ‘Ainda não está bom.’”
O perfeccionismo leva muitos à derrota na caminhada cristã e afasta as pessoas do reino de Deus.
Ao mencionarmos aqui a palavra perfeccionismo, por certo logo se levantarão várias bandeiras de defesa a ela. Por acaso a Bíblia não fala da perfeição cristã? É certo que sim. Mas há uma grande diferença entre perfeição cristã e perfeccionismo, embora aparentemente possam parecer semelhantes. Perfeição cristã é o constante e natural crescimento espiritual do crente, fruto da graça de Deus
no coração. Vem como resultado da ação do Espírito Santo na vida. É sinônimo de santificação, e é obra da vida toda. Mas sua consecução não traz ansiedade nem descontentamento. Pelo contrário. Infunde alegria e paz. Perfeccionismo é uma distorção da verdadeira perfeição cristã. O perfeccionismo, em vez de fazer de nós pessoas santas, com uma personalidade equilibrada e sadia, isto é, pessoas completas em Cristo, transforma-nos em fariseus espirituais e em neuróticos emocionais. É resultante de conceitos errados a respeito de Deus e da religião.
Problema antigo
O objetivo deste artigo não é tecer críticas aos perfeccionistas, pois, em regra geral, são pessoas sinceras e desejosas de agradar a Deus, embora por caminhos errados. E é provável que grande parte dos mais sinceros e dedicados cristãos, em uma ou outra fase da sua vida, sejam vítimas deste mal. O intuito destas reflexões é ajudar aqueles que estão passando por essa experiência aflitiva, a encontrarem o verdadeiro sentido da religião de Cristo, e a usufruírem da alegria e da felicidade que dela advêm, quando bem compreendida e aceita.
Este problema sempre existiu ao longo da história da Igreja, embora ele seja identificado por outros nomes. John Fletcher, um contemporâneo de João Wesley, escreveu a respeito:
“Algumas pessoas atam pesados fardos às suas costas, fardos que elas próprias criam. Depois, sentindo que não conseguem carregá-los, ficam atormentadas por sen timentos de culpa imaginária. Outras quase enlouquecem com infundados temores de haverem cometido o pecado imperdoável. Em suma, estamos vendo centenas de pessoas que, tendo motivos para sentirem-se bem espiritualmente, preferem pensar que não existe mais nenhuma esperança para elas.”
E o próprio reformador João Wesley, de quem a Igreja Adventista herdou muitos conceitos teológicos, registrou o mesmo problema:
“Às vezes, a consciência sensível, que é uma qualidade excelente, pode ser levada a extremos. Temos visto pessoas que têm temores, quando não há razão para isso; que estão continuamente condenando-se, mas sem causa, imaginando que certas coisas são pecaminosas, quando não há nada nas Escrituras que as condene, e supondo ser seu dever fazer outras, que a Bíblia não ordena. Isso pode ser corretamente identificado como consciência escrupulosa, e na verdade é um grande mal. É preciso que essas pessoas cedam o menos possível a essas idéias, e orem para que sejam libertas desse grande mal, e recuperem a sensatez da mente.” — The Conscien-ce Alone Not a Safe Guide, Arthur Z. Zepp.
Ellen White  trata dessa questão nas seguintes palavras: “Pessoas há com imaginação doentia para as quais a religião é um tirano regendo-as com vara de ferro. Essas pessoas estão continuamente lamentando sua pecaminosidade e gemendo sob o peso de supostos pecados.” — Testimonies, vol. 1, pág. 565
Sintomas do perfeccionismo
Mas, para que possamos fazer uma análise de nós mesmos, vejamos quais são os sintomas do perfeccionismo. O Dr. David A. Sea-mands, psicólogo e conselheiro espiritual de grande experiência, escreveu um livro intitulado “Cura Para Traumas Emocionais” (tradução da Editora Betânia), cuja leitura poderá ser de muita ajuda espiritual a todos. (A esta obra pertencem muitos conceitos aqui expostos.) O Dr. Seamands apresenta em seu livro, as principais características do complexo de perfeccionismo. São elas:
1. Tirania dos Deveres — O principal sinal deste problema é uma sensação de que nunca se está agindo da melhor maneira possível. Algumas frases típicas são: “Eu devia ter feito melhor”; “eu não devia ter feito isto”; “devo fazer aquilo”; “devo melhorar”. Torna-se a religião do “devo” e “não devo”. É como se esse indivíduo estivesse nas pontas dos pés, estendendo o braço ao máximo para alcançar um nível, mas nunca o consegue. Por isso vive num clima de eterna insatisfação.
2. Auto depreciação — Há uma grande relação entre o perfeccionismo e a auto-imagem negativa. Por não conseguir nunca alcançar o alvo a que se propõe, o perfeccionista está sempre descontente consigo mesmo. E, como conseqüência, acha que Deus também não está satisfeito com ele. Para o perfeccionista Deus é muito exigente, sempre mais do que podemos alcançar. E esse sentimento é transmitido aos demais que convivem com ele. Assim é que, muitas vezes, pais inculcam esse conceito de Deus em seus filhos, dando-lhes uma idéia errada da religião.
3. Ansiedade — Como resultado dos escrúpulos exagerados, e da grande preocupação com o que se deve e o que não se deve fazer, é natural que o perfeccionista viva em clima de constante ansiedade que acaba por corroer sua alegria, seu bom humor e sua saúde.
4. Legalismo — Na verdade o que existe no fundo do perfeccionismo é uma não aceitação plena da salvação pela graça, e uma tentativa, talvez inconsciente, de salvação pelas obras. O perfeccionista dá uma exagerada importância ao exterior, ao que pode e ao que não pode, às regras e regulamentos. Ele encontra dificuldade em compreender as boas obras como resultado da salvação e não como causa também. E essa maneira de encarar a religião torna-se para ele uma fonte de instabilidade espiritual e emocional.
E quais as conseqüências do perfeccionismo ?
1. Falta de paz interior.
2. Dá aos outros uma noção errada a respeito de Deus e da religião.
3. Leva ao desânimo, quando a pessoa vai percebendo que nunca consegue alcançar tudo o que acha que deveria alcançar.
4. Pode levar até a um colapso nervoso. O fardo que o perfeccionista carrega vai-se tornando pesado demais e a pessoa pode acabar sucumbindo a esse peso.
Foi exatamente isso que aconteceu com Joseph R. Cooke, professor de Antropologia da Universidade de Washington, conforme conta o Dr. Seamands. O Professor Cooke era um profundo conhecedor de Teologia Bíblica. Tornou-se missionário na Tailândia, mas, após passar alguns anos em seu campo de trabalho, ficou com esgotamento nervoso. Não era mais capaz de pregar ou de ensinar, e nem ao menos ler a Bíblia. Como ele mesmo explicou depois: “Eu era um peso para minha esposa, e estava sem utilidade alguma para Deus e para os homens.”
Mas como foi que isso aconteceu? Mais tarde ele escreveu um livro intitulado “Free for the Ta-king” (De Graça: É Só Pegar), onde ele conta sua experiência. Diz ele: “Eu criei um Deus impossível e acabei tendo um esgotamento nervoso. As exigências que Deus me fazia, em meu modo de pensar, eram demais elevadas, e Sua opinião a meu respeito era tão baixa que parecia estar-me constantemente vivendo sob Seu olhar carregado e sisudo. E parecia que Deus ficava o dia todo a Se implicar comigo: ‘Por que não ora mais? Por que não se esforça mais no trabalho? Como pode ainda ter pensamentos maus? Faça isto. Não faça aquilo. Renda-se. Confesse.’ E parecia que Deus estava sempre comparando o Seu amor com a minha miséria pessoal. E depois de tudo avaliado, ficava-me a impressão de que não havia nenhuma palavra ou sentimento, nenhum pensamento ou decisão minha que Deus apreciasse.”
Comentando a experiência do Professor Cooke, escreveu o Dr. Seamands: “Está vendo por que um fiel seguidor de Cristo, que tem este tipo de pensamento, acaba com um esgotamento nervoso? Após todos esses anos em que tenho pregado e orado por pessoas em nossas igrejas, cheguei à conclusão de que o perfeccionismo é uma doença muito comum entre os membros das igrejas.”
Existe solução
Existe cura para o perfeccionista? Sim. Mas apenas uma única maneira de cura. A aceitação da graça de Cristo como o meio todo-suficiente para a salvação e a vida cristã. A palavra graça, na Bíblia, significa “um favor dado de graça, não merecido, não comprado, impossível de ser retribuído”. A aceitação de Deus para conosco não tem nada a ver com o nosso desvalor. Como afirmou em seu livro o Professor Cooke, “graça é o rosto compassivo que Deus tem quando olha para nossa imperfeição, para nosso pecado, nossa fraqueza e fracasso. Quando Deus Se acha diante do pecador, do que não merece nada, Ele é todo graça”. A graça é um presente de Deus. “E grátis: é só pegar.” A cura do perfeccionismo não pode começar com uma experiência inicial de salvação pela graça, e depois prosseguir com uma tentativa de busca da perfeição pelo esforço próprio. Essa cura se processa através de um viver diário de fé, entendendo que nosso relacionamento com o Pai celestial, terno e amoroso, é um relacionamento baseado na graça. E para o perfeccionista não é fácil compreender isso, pois ele “programou” sua mente de maneira errada, e precisa agora uma “reprogramação” do modo de pensar a respeito de Deus e da religião.
Escreveu Eilen G. White: “Muitos estão perdendo o caminho certo em conseqüência de pensarem que precisam escalar o céu, que precisam fazer para merecer o favor de Deus. Procuram tornar-se melhores por seus próprios desajudados esforços. Isto jamais podem realizar. Cristo abriu o caminho, morrendo como nosso sacrifício, vivendo como nosso exemplo, tornando-Se nosso grande Su-mo-sacerdote. Ele declara: ‘Eu Sou o caminho a verdade e a vida.’ Se por alguns esforços próprios pudéssemos avançar um passo para a escada, as palavras de Cristo não seriam verdadeiras.” — Review and Herald, 4 de novembro de 1890.
Em outra importante declaração, Eilen G. White, comentando a preciosa lição de fé ensinada por Jesus a Nicodemos, afirma: “Milhares existem hoje em dia que necessitam da mesma verdade ensinada a Nicodemos mediante a serpente levantada. Confiam em sua obediência à lei de Deus para se recomendarem a Seu favor. E quando são solicitadas a olhar a Jesus e crer que Ele os salva apenas pela Sua graça, exclamam: ‘Como pode ser isso?’” — O Desejado de Todas as Nações, pág. 124.
Os perfeccionistas inculcaram em sua mente expectativas irrealistas, realizações impossíveis, amor condicional, e uma sutil teologia de obras. Nenhuma ida perante o altar mudará automaticamente isto.
A mudança requer tempo, compreensão, cura, e acima de tudo uma reprogramação — a renovação da mente que traz transformação. Segundo relata o Dr. Seamands, foi isso o que aconteceu na vida de certo jovem. Don havia crescido em uma família evangélica muito rígida, onde quase tudo o que as crianças faziam era errado. Don cresceu com um conceito de amor condicional, no trato que recebeu dos pais: “Nós o amaremos se… ” “Nós gostamos de você, quando… ” “As pessoas só gostam de você se você… “. E ele cresceu com o sentimento de que quase nunca conseguia agradar plenamente os pais.
Naturalmente sua religião também foi sendo moldada sob a influência desses conceitos. Quando Don estava com trinta anos, começou a sofrer de depressões e procurou o Dr. Seamands. Suas depressões estavam-se tornando cada vez mais freqüentes, e ele estava assustado com isso. Alguns colegas da igreja tornaram a situação pior. Disseram a Don que seu problema era espiritual, pois um cristão verdadeiro não tinha tais sentimentos. Assim, além de ter o problema das depressões, Don passou a sentir-se culpado por ter tais depressões.
Deixemos que o próprio Dr. Seamands descreva a parte final desta experiência:
“Nosso trabalho com Don levou mais de um ano. Durante esse período conseguimos sanar muitas de suas lembranças dolorosas, e reformular novas maneiras de enfrentar a realidade. Ele fez tudo o que lhe era pedido; fez anotações diárias acerca de seus sentimentos, leu bons livros, ouviu fitas, memorizou muitos textos bíblicos e dedicou bastante tempo à oração, com petições específicas e positivas. A cura não se deu da noite para o dia, mas graças a Deus ela veio. Devagar, mas sem falhar, Don foi descobrindo o amor através da incrível e incondicional aceitação de Deus para com Ele, como pessoa. Suas depressões foram-se tornando cada vez menos freqüentes. E ele não teve que se esforçar muito para livrar-se delas; elas mesmas foram cessando, como folhas mortas caem de uma árvore, na primavera, quando nascem as novas. Ele conseguiu aprender a controlar melhor suas ações e pensamentos. Afinal suas depressões cessaram, e hoje ele tem apenas os altos e baixos normais a todos nós. E sempre que encontro Don sozinho, ele sorri e diz: “Doutor, ainda parece que é bom demais para ser verdade, mas é verdade!”
Prezado leitor, o segredo da paz interior e da felicidade cristã está em aceitar o terno convite de Jesus: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve.” Mat. 11:28-30.
Experimente. Há de raiar um novo dia em sua vida!
Tércio Sarli
Fonte: Revista Adventista ,  jun 1989 . pg 13.
www.revistaadventista.com.br


Leia mais: http://iasdocidentalgo.webnode.com.br/news/o-perfeccionismo-e-sua-cura/

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Cristãos imperfeitos

Cristãos imperfeitos

Postado por: Da redação 3 de junho de 2015 em Artigos, Destaques, Logos 2 Comentários

 
O conceito bíblico de perfeição é diferente do que muita gente pensa
 

Todas as pessoas que procuram viver em santidade correm o risco de incorrer num erro conhecido como perfeccionismo. A ideia de que o verdadeiro cristão deve alcançar impecabilidade aqui na Terra tem causado diversos males em algumas denominações cristãs, e com os adventistas não tem sido diferente. A Palavra de Deus apresenta respostas para nossos maiores questionamentos, e entender o que ela tem a dizer sobre o assunto pode nos ajudar a evitar esse problema.
Embora o Antigo Testamento mencione algumas vezes a perfeição divina, o significado é diferente daquilo que a mente ocidental, grandemente influenciada pela filosofia grega, geralmente concebe. O Antigo Testamento se preocupa em retratar a perfeição divina em termos do relacionamento divinohumano e não em descrever a natureza perfeita de Deus como sendo um fim em si mesma.
O teólogo adventista Hans LaRondelle discorreu sobre isso no livro Perfection and Perfeccionism, lançado em meados da década de 1970. De lá para cá, ele descansou no Senhor, mas o problema persiste em alguns segmentos.
DUAS CATEGORIAS
Segundo estudiosos, pelo menos cinco vezes a palavra tamim (“perfeito”, “irrepreensível”) deve ser aplicada a Deus com o significado estrito de perfeição (Dt 32:4; 2Sm 22:31; Jó 37:16; Sl 18:30; 19:7). Porém, todas as vezes que isso ocorre o conceito de perfeição está inserido no contexto da aliança de Deus com seu povo.
O termo tamim nunca aparece como predicado de Yahweh no sentido de enfatizar a perfeição como um fim em si mesma. Ao contrário, o Antigo Testamento mostra a perfeição divina em termos de amor redentivo revelado nas obras salvíficas de Deus (Dt 32:4), na sua santa e justa lei (Sl 19:7), nos seus caminhos (2Sm 22:31; Sl 18:30), no seu conhecimento (Jó 37:16) e em toda a história da redenção do seu povo (Is 5:4).
Longe de ser um conceito abstrato, ou mero resultado de raciocínio lógico humano, e muito menos um ideal ético inatingível de virtudes morais, ela é revelada na realidade concreta da história de Israel. É perfeição divina em ação, caracterizada pela intenção de salvar o ser humano.
A graça divina oferecida a Israel por meio do concerto requeria do homem perfeita obediência a Deus. Entretanto, essa perfeita obediência moral deveria ser totalmente fundamentada no sentimento de gratidão motivado pela graça. Assim, perfeição é a resposta ao amor e à graça numa total e completa inclinação do coração e da vida à vontade de Deus.
Na religião israelita havia uma união indivisível entre a experiência religiosa, a adoração e o comportamento religioso. Isso é visto especialmente no livro dos Salmos, intimamente interligado com a adoração no santuário israelita. Após serem incorporados ao culto oficial israelita, os salmos foram aceitos como orações inspiradas e, portanto, modelo para os adoradores no serviço do templo.
O livro dos Salmos, assim como ocorre na literatura sapiencial, classifica os seres humanos em duas categorias: os justos (saddiqim) e os perversos (resaim). Os justos são aqueles que amam e temem a Yahweh, que fazem “o que é justo” para seus companheiros israelitas e vivem em obediência a toda a Torah (lei). Os perversos são aqueles que escolhem uma forma diferente de existência, em que falta o princípio do amor a Yahweh e sua Torah como a motivação para suas ações. A diferença entre as duas classes não é apenas de comportamento religioso, mas a conexão com o próprio Deus.
O justo (saddiq) não é meramente alguém perfeito ou virtuoso no sentido ético, mas aquele que, motivado pelo amor redentivo de Yahweh, tem confiança nele e lhe obedece, vivendo de acordo com os mandamentos éticos, sociais e cultuais do concerto. LaRondelle comenta: “O saddiq, em última instância, é determinado por seu relacionamento para com o cultos [relacionamento com Deus através da adoração], e não por sua moralidade, perfeição ética ou impecabilidade.”

Perfeição não é sinônimo de impecabilidade nem de vindicação do caráter de Deus, o que já foi feito por Cristo na cruz

Nem o livro dos Salmos nem a Torah ensinam que o israelita sincero, que andava em perfeita obediência à lei de Yahweh, podia viver sem a necessidade de expiação ou perdão. Uma das principais emoções descritas no livro de Salmos é uma profunda consciência de pecaminosidade, que origina contrição na alma do adorador não apenas pelos atos pecaminosos cometidos, mas pela consciência da natureza pecaminosa do ser.
O Salmo 19, por exemplo, intensifica a distinção levítica de pecados inconscientes e pecados cometidos por rebelião. Enquanto o pecado involuntário era perdoado pelo ritual expiatório do santuário, não havia expiação para o pecado da rebelião. Somente o segundo tipo de pecado era capaz de separar o pecador da relação de concerto com seu Deus.
Davi orou e clamou pelo perdão divino, capaz tanto de perdoar a culpa quanto de subjugar o poder do pecado. Para o salmista, o resultado desses dois feitos do perdão divino é a seguinte declaração de fé: “então serei irrepreensível [tamim]”. Perfeição no Salmo 19 não tem que ver com impecabilidade inerente à natureza, mas sim com uma atitude da graça divina.
O padrão a ser alcançado era fundamentado na motivação do amor. O indivíduo que pautava a vida por esse padrão era considerado saddiq, completamente “justo”, e tamim, “perfeito” ou “completo”. Quando o pecado o assaltava, ele se arrependia e seguia o ritual de expiação, experimentava a purificação e a recriação do seu coração. Então era considerado justo e perfeito. Assim, a ideia de perfeição não era orientada no sentido de uma norma ideal ou virtude elevada, mas no sentido do relacionamento cultual na esfera do concerto.
PERSONAGENS
O conceito de perfeição israelita pode ser constatado na realidade empírica da vida de grandes personagens da história bíblica. Noé é o primeiro homem que as Escrituras chamam de “perfeito”, atribuindo-lhe o derivativo tamim. Em Gênesis 6:9 encontramos a declaração: “Noé era um homem justo e íntegro entre seus contemporâneos; Noé andava com Deus.” Embora encontremos tal testemunho sobre Noé, em Gênesis 9:21-24 encontramos um episódio infeliz da vida do patriarca, em que é relatado um grave pecado moral.
A segunda declaração de perfeição da Bíblia aparece no relato sobre o patriarca Abraão. Na declaração divina da teofania de Gênesis 17:1, o próprio Deus, ao mesmo tempo, demanda e atesta a perfeição do patriarca. Essa perfeição não denota impecabilidade, mas uma sincera dedicação em seguir uma vida santificada na presença de Deus. Embora Abrão tenha sido um homem de reconhecidas qualidades morais, ele também cometeu sérias faltas (Gn 12:11-13; 20:11-13).
O terceiro exemplo bíblico de perfeição é o do patriarca Jó. O livro sobre a vida dele começa com uma impressionante declaração de perfeição sobre seu protagonista: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1:1). Essa declaração quádrupla do caráter justo do patriarca inclui o radical hebraico tam, “perfeito”. Essa declaração inicial é reforçada pelo próprio Jó (6:29; 10:7; 12:4; 16:17; 23:11, 12; 29:12-17; 31:5, 6) e intensificada por outras três afirmações divinas (1:8, 2:3; 42:7, 8). Embora o testemunho bíblico a respeito dele o coloque na categoria de “perfeito”, sua condição moral estava longe de ser considerada como de impecabilidade (7:20, 21; 9:2, 15; 10:6; 14:16, 17).
Na teologia do Antigo Testamento, os “perfeitos” não são apenas distintos personagens bíblicos, como alguns patriarcas. O conceito de perfeição é ampliado a todo o Israel verdadeiro participante do concerto divino. Lemos: “bem-aventurados os irrepreensíveis” (Sl 119:1), “os que andam em integridade” (Pv 11:20)”, “os que andam retamente” (Sl 84:11). Em todos esses versos o verdadeiro israelita é designado com a palavra tamim.
PRESENTE DIVINO
Para entendermos o ensino de Cristo sobre a perfeição no Novo Testamento, é preciso analisar os dois lugares em que a palavra teleios aparece (Mt 5:48; 19:21), o equivalente do hebraico tamim. No contexto do sermão do monte, a declaração “Sede vós, pois, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos Céus” é o sumário das antíteses que se encontram em Mateus 5:43-47. Ali há um contraste com a piedade legalística dos fariseus, que não entravam no reino de Deus e impediam outros de entrar. Isso já é uma indicação de que a declaração de Cristo não pode ser considerada um imperativo moral que reclame perfeição ética ou impecabilidade.
Os ensinamentos éticos do sermão do monte não foram endereçados aos gentios e muito menos aos fariseus cheios de justiça própria, mas aos filhos de Deus que oravam a seu Pai celestial (Mt 6:9; 7:7-11); aos que são chamados de “sal da Terra” e “luz do mundo”, cuja luz não deveria iluminar suas próprias boas obras, mas glorificar o “Pai que está no Céus” (Mt 5:13-16); aos que não se orgulham de sua justiça própria, mas têm “fome e sede de justiça” e “buscam em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça” (Mt 5:6; 6:33).
O Salmo 37:11, texto de onde Jesus retirou sua declaração de Mateus 5:5, identifica “os mansos” ou “os justos” (saddiqim) como aqueles que “herdarão a Terra”. Essas duas classes e pessoas constituem o “homem íntegro” (tamim), ou “perfeito”, que tem a lei de Deus no coração (Sl 37:31). A expressão “limpos de coração” (Mt 5:8) também tem sua origem no livro de Salmos (24:4; 51:10). Assim como o acesso ao templo e o direito à participação do culto israelita eram restritos àqueles que se adequavam às condições da adoração e do comportamento israelita, as prescrições dadas por Cristo na “Torah do monte” são o código que restringe a entrada ao reino de Deus.
Em Lucas 6:36, paralelo a Mateus 5:48, o autor não usou teleios, mas oiktirmon, que significa “misericordioso”. Essa passagem concorda com a interpretação do imperativo de perfeição de Mateus como uma ativa e completa manifestação do amor perdoador a todas as pessoas, inclusive aos ingratos e injustos (Lc 6:35). A perfeição de Mateus 5:48 pode ser caracterizada dinamicamente como amor santo e misericordioso.
LaRondelle argumenta que a intenção de Mateus ao utilizar a palavra teleios foi demonstrar que o amor e a justiça não estão em contraste, mas são o cumprimento da Torah. Ele também declarou que o conceito dessa palavra não é orientado para a perfeição ética absoluta, mas para a consagração religiosa e cultual ao Deus universal de amor e graça.
Há uma riqueza no significado de teleios no evangelho de Mateus, o qual demonstra uma continuidade básica com o Antigo Testamento. Essa perfeição não pode ser alcançada por sentimentos, mas por um relacionamento perfeito com Cristo. Ela não é alcançada ao fim de um longo e difícil caminho de tentativas de imitação de Jesus, mas por meio da comunhão redentiva com ele enquanto o caminho está sendo trilhado. Para Mateus, a ética cristã de obediência é fundamentada no próprio Cristo.
Fotolia_52187921Portanto, a perfeição bíblica não é sinônimo de impecabilidade nem de vindicação do caráter de Deus, o que já foi feito por Cristo na cruz. Ela não é revelada em termos de virtude moral elevada ou padrão ético inatingível. Trata-se de um presente divino disponibilizado à pessoa que mantém relacionamento com seu doador, podendo ser alcançada aqui e agora.
O maior erro do perfeccionismo não está na sua tentativa desesperada de alcançar perfeição moral, mas em colocar o foco de seus esforços no ser humano, e não em Deus, a fonte primária de perfeição. O problema não é buscar a santidade; é não entender que ela é expressa ao se viver o amor de Deus. [Imagens: Fotolia] PATRICK SIQUEIRA é capelão do Colégio Adventista de Vila Yara, em Osasco (SP)

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