As Orações de Daniel
Sa - Pag. 46
Ao
aproximar-se o tempo para a terminação dos setenta anos do cativeiro, Daniel
começou a preocupar-se grandemente a respeito das profecias de Jeremias. Vira
que estava próximo o tempo em que Deus haveria de dar outra oportunidade a Seu
povo escolhido; e, mediante jejum, humilhação e oração, importunava o Deus do
Céu em favor de Israel, com estas palavras: "Ah! Senhor! Deus grande e
tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que Te amam e
guardam os Teus mandamentos; pecamos, e cometemos iniqüidade, e procedemos
impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus
juízos; e não demos ouvidos aos Teus servos, os profetas, que em Teu nome
falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o povo
da Terra." Dan. 9:4-6.
Daniel não proclamava diante do Senhor sua própria fidelidade. Em vez de se confessar puro e santo, este honrado profeta se identificava com Israel, realmente pecador. A sabedoria que Deus lhe havia concedido era tanto maior que a dos grandes homens do mundo quanto a luz do Sol que brilha nos céus é mais resplendente do que a mais pálida estrela. Todavia, ponderai a oração dos lábios deste homem tão altamente favorecido pelo Céu. Com profunda humildade, com lágrimas e coração lacerado, ele intercede por si e por seu povo. Estende seu coração aberto perante Deus, confessando sua própria indignidade e reconhecendo a grandeza e majestade do Senhor.
Zelo e
Fervor
Que zelo e
fervor caracterizam suas súplicas! A mão da fé se alça para agarrar as
infalíveis promessas do Altíssimo. Sua alma luta em agonia. E ele tem a
evidência de que sua oração é ouvida. Sabe que a vitória é sua. Se nós, como um
povo, orássemos como Daniel e lutássemos como ele lutou, humilhando nosso
coração perante Deus, haveríamos de presenciar tão notáveis respostas às nossas
petições quanto as que foram dadas a Daniel. Ouvi como ele expõe seu caso à
corte celestial:
"Inclina,
ó Deus meu, os Teus ouvidos e ouve; abre os Teus olhos e olha para a nossa
desolação e para a cidade que é chamada pelo Teu nome, porque não lançamos as
nossas súplicas perante a Tua face fiados em nossas justiças, mas em Tuas
muitas misericórdias. Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e
opera sem tardar; por amor de Ti mesmo, ó Deus meu; porque a Tua cidade e o Teu
povo se chamam pelo Teu nome." Dan. 9:18 e 19.
O homem de Deus orava pela bênção do Céu sobre seu povo e por um mais claro conhecimento da vontade divina. O fardo de seu coração era Israel, o qual não estava, num sentido restrito, observando a lei de Deus. Ele reconhecia que todos os seus infortúnios vieram sobre Israel em conseqüência de suas transgressões dessa lei santa. Diz ele: "Pecamos; procedemos impiamente. ... Por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o Teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós." Dan. 9:15 e 16. Os judeus haviam perdido seu peculiar e santo caráter como o povo escolhido de Deus. "Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do Teu servo e as suas súplicas e sobre o Teu santuário assolado faze resplandecer o Teu rosto, por amor do Senhor." Dan. 9:17. O coração de Daniel volta-se com intensa saudade para o desolado santuário de Deus. Ele sabe que sua prosperidade só poderá ser restaurada, ao arrepender-se Israel de suas transgressões contra a lei de Deus e tornar-se humilde, fiel e obediente.
O Mensageiro
Celestial
Ao
prosseguir a oração de Daniel, o anjo Gabriel vem voando das cortes celestiais
para lhe dizer que suas petições foram ouvidas e atendidas. Este poderoso anjo
é comissionado para dar-lhe entendimento e compreensão - para abrir perante ele
os mistérios dos séculos futuros. Assim, enquanto ardentemente buscava saber e
compreender a verdade, Daniel foi levado em comunhão com o mensageiro delegado
pelo Céu.
Em resposta a sua petição, Daniel recebeu não somente a luz e a verdade de que ele e seu povo mais precisavam, mas uma visão dos grandes eventos do futuro mesmo até o advento do Redentor do mundo. Aqueles que dizem estar santificados, ao passo que não têm nenhum desejo de examinar as Escrituras ou lutar com Deus em oração por uma compreensão mais clara da verdade bíblica, não sabem o que é a verdadeira santificação.
Daniel
falava com Deus. O Céu estava aberto perante ele. Mas as elevadas honras
conferidas a ele eram o resultado da humilhação e fervorosa comunhão com Deus.
Todos os que, de coração, crêem na Palavra de Deus, terão fome e sede de um
conhecimento de Sua vontade. Deus é o autor da verdade. Ele ilumina o
entendimento obscurecido e dá à mente humana poder para apreender e compreender
as verdades que revelou.
Em Busca da
Sabedoria de Deus
Na ocasião
que acaba de ser descrita, o anjo Gabriel deu a Daniel toda instrução que ele
estava habilitado a receber. Uns poucos anos mais tarde, contudo, o profeta
desejou conhecer mais a respeito dos assuntos não explicados inteiramente e, de
novo, pôs-se a buscar luz e sabedoria de Deus. "Naqueles dias, eu, Daniel,
pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho
entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum. ... Levantei os olhos e
olhei, e eis um homem vestido de linho, cujos ombros estavam cingidos com ouro
puro de Ufaz; o seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâmpago, os
seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como
bronze polido; e a voz das suas palavras era como o estrondo de muita
gente." Dan. 10:2, 3, 5 e 6.
Esta descrição é semelhante àquela dada por João quando Cristo foi revelado a ele na ilha de Patmos. Não foi outro personagem senão o Filho de Deus que apareceu a Daniel. Nosso Senhor vem com outro mensageiro celestial para ensinar a Daniel o que aconteceria nos últimos dias.
As grandes
verdades reveladas pelo Redentor do mundo são para aqueles que procuram a
verdade como a tesouros escondidos. Daniel era um homem idoso. Sua vida tinha
sido passada no meio das fascinações de uma corte pagã; sua mente havia lidado
com os negócios de um grande império. Todavia, ele se volta de tudo isto para
afligir seu coração diante de Deus e buscar um conhecimento dos propósitos do
Altíssimo. E, em resposta a suas súplicas, foi comunicada luz das cortes
celestiais aos que haveriam de viver nos últimos dias. Com que zelo, pois,
deveríamos nós buscar a Deus, para que Ele nos abra o entendimento a fim de
compreender as verdades trazidas do Céu para nós.
"Só eu, Daniel, tive aquela visão; os homens que estavam comigo nada viram; não obstante, caiu sobre eles grande temor, e fugiram e se esconderam. ... E não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma." Dan. 10:7 e 8. Todos os que estão verdadeiramente santificados, hão de ter experiência semelhante. Quanto mais claras suas visões da grandeza, glória e perfeição de Cristo, tanto mais vividamente verão sua própria fraqueza e imperfeição. Não terão nenhuma disposição para dizer que têm caráter impecável; aquilo que neles tem parecido correto e conveniente, aparecerá, em contraste com a pureza e glória, somente indigno e corruptível. É quando os homens estão separados de Deus, quando têm distorcidas visões de Cristo, que dizem: "Eu estou sem pecado; estou santificado".
Gabriel
apareceu ao profeta e assim se dirigiu a ele: "Daniel, homem mui desejado,
está atento às palavras que te vou dizer e levanta-te sobre os teus pés; porque
eis que te sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, eu estava tremendo.
Então, me disse: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia, em que
aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são
ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras." Dan.
10:11 e 12.
Honras Reais
Prestadas a Daniel
Que grande
honra é outorgada a Daniel pela Majestade do Céu! Conforta Seu servo tremente e
lhe assegura que sua oração foi ouvida no Céu. Em resposta àquela fervorosa
petição, o anjo Gabriel foi enviado para influenciar o coração do rei persa. O
rei havia resistido às impressões do Espírito de Deus durante as três semanas
em que Daniel estivera jejuando e orando, mas o Príncipe dos Céus, o Arcanjo
Miguel, foi enviado para convencer o coração do obstinado rei, a fim de que
tomasse alguma decisão para atender à oração de Daniel.
"E,
falando ele comigo essas palavras, abaixei o meu rosto e emudeci. E eis que uma
como semelhança dos filhos dos homens me tocou os lábios; ... e disse: Não
temas, homem mui desejado! Paz seja contigo! Anima-te, sim, anima-te! E,
falando ele comigo, esforcei-me e disse: Fala, meu Senhor, porque me
confortaste." Dan. 10:15, 16 e 19.
Tão grande foi a glória divina revelada a Daniel, que não pôde suportar a visão. Então o mensageiro celestial velou o resplendor de sua presença e apareceu ao profeta na "semelhança dos filhos dos homens". Dan. 10:16. Por seu divino poder, fortaleceu esse homem de integridade e fé, para ouvir a mensagem divina a ele enviada.
Daniel foi
um devoto servo do Altíssimo. Sua longa vida foi repleta de nobres feitos de
serviço para seu Mestre. Sua pureza de caráter e inabalável fidelidade são
igualadas unicamente por sua humildade de coração e contrição diante de Deus.
Repetimos: A vida de Daniel é uma inspirada ilustração da verdadeira
santificação.
Ellen White
do Livro Santificação, Pags 46 - 52
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