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segunda-feira, 14 de julho de 2008

(70x7) MUITO MAIS QUE UM SIMPLES PRODUTO

Pedro acabara de questionar a Jesus sobre quantas vezes deveria perdoar um irmão que contra ele pecasse, e seu caráter inquieto que sempre o caracterizou antecipando-se à resposta do mestre, arriscou de pronto um palpite: “até sete vezes? Imaginou Pedro, ser isto mais que suficiente e esperava a aprovação de Jesus pela sugestão interposta”. No entanto, a resposta de Jesus soou-lhe desconcertante: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. (Mt. 18:21 – 21), havia sido reprovado!
Desta passagem bíblica, geralmente somos rápidos em considerar que o produto (70x7), é mais um fator simbólico da disposição de Deus em “sempre” perdoar o pecador arrependido. Conquanto seja verdade que o amoroso Pai Jeová é mui misericordioso, cujo caráter Jesus tão bem representou por preceito e exemplo, numa ocasião, retratando a solicitude do Pai em perdoar, na Parábola do Filho Pródigo; noutra, ao perdoar a mulher adúltera e ainda por implorar ao Pai, no alto da cruz, perdão para os seus algozes.
No entanto, não teria Jesus incluído este produto (70x7) à sua resposta, por uma razão mais especial? Afinal, se é que a idéia aqui ensinada tenciona enfatizar unicamente a “ilimitada” misericórdia de Deus para com o pecador arrependido, o produto poderia perfeitamente ser substituído por... 1000 (mil), por exemplo, e a resposta de Jesus soaria mais ou menos assim: “Não te digo que até sete vezes, mas até mil vezes”, e isto sem prejuízo do sentido, com a vantagem de que “mil” é um número de valor absolutamente maior que o produto (70x7 = 490). Além do mais, mil tem status de ser um número bíblico. Pedro o mencionou ao afirmar que “para com o Senhor, um dia é como “mil” anos, e “mil” anos como um dia” (II Pdr. 3:8); ainda, no capítulo 20 do Apocalipse ele aparece triunfante, com dupla aplicação, a primeira na prisão milenar de satanás; a segunda, no milênio glorioso dos Santos no céu, (Apoc. 20:1-6). Mas, em detrimento das razões aqui arroladas e por mais fortes que possam ser os argumentos a favor do número “mil”, Jesus preferiu (70x7)! Longe de mim, a pretensão de substituir qualquer porção das Escrituras Sagradas e ser por isto, amaldiçoado conforme (Apoc. 22:19), porém, creio que o sábio mestre de Nazaré pretende ensinar-nos uma verdade bem maior e mais urgente! Quero compartilhar ao prezado leitor a luz que o Espírito Santo outorgou-me sobre o texto em questão.
Reestudando a doutrina do Juízo investigativo e a profecia das 2.300 tardes e manhãs de Dn. 8:14, percebi que apenas à luz do que está escrito em Dn. 9:24, a resposta de Jesus pode ser perfeitamente compreendida: “setenta semanas então determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade...”, assim começou o anjo a explicar para Daniel a profecia das tardes e manhãs. Do período profético representado pelos 2.300 dias ou anos (ver Ez. 4:6; Nm. 14:34, antecedentes bíblicos que estabelecem a relação de um dia profético, representando um ano literal), setenta semanas ou seja, os primeiros 490 dias (70x7), seriam reservados para o povo Judeu (“o teu povo e a tua santa cidade”), correspondendo a um período de graça, um período de misericórdia, que começa com retorno dos Judeus à sua Pátria, assegurado pelo decreto de Artaxerxes no sétimo ano do seu reinado, isto por volta do ano 457 AC, conforme o anjo havia predito (Ed. 7:7,11), a saber, desde a saída da ordem para restaurar e para e edificar Jerusalém (Dn. 9:25). Notemos que este período, conforme diz o anjo, estava determinado: para fazer cessar a transgressão; para dar a fim aos pecados; para expiar a iniqüidade; para trazer a justiça eterna; além de servir para (confirmar) ou selar o restante da visão e da profecia, e para ungir o Santo dos Santos.
Jesus não poderia encontrar período mais significativo para ilustrar a maneira como Deus trata o pecador. Ao responder a Pedro. “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”, Jesus não estava levando a questão do perdão ao nível da pergunta do Apóstolo.
Pedro preocupava-se com o aspecto quantitativo do perdão. Porém, Jesus pretendia lembrá-lo do aspecto qualitativo segundo o qual, há um tempo de graça, há um tempo de misericórdia para o perdão de Deus, tipificado nas setentas semanas (70x7), reservadas para os Judeus.
De fato, várias características, levam-nos a considerar ser este período de graça concedido especialmente aos Judeus, um tipo do tempo da graça que Deus concede à humanidade, senão vejamos:
1 – As setentas semanas (70x7 dias) de graça, começa com um DECRETO REAL, concedendo libertação, tendo os Judeus a oportunidade de livremente retornar à sua Pátria depois de setenta anos de cativeiro. Assim, Deus proveu a humanidade escrava do pecado, livramento através do sacrifício de Jesus, “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29), e o brado “Está consumado” pelo “Rei dos Reis e Senhor dos senhores” na cruz (Jo 19:30) soa como um DECRETO REAL, a confirmar a libertação a quantos se aproximam do calvário.
2 - A última semana das setenta reservadas aos Judeus é especialmente importante, “se estende do ano 27 ao ano 34 de nossa era. Cristo, a princípio em pessoa e depois pelos seus discípulos, dirigiu o convite do evangelho especialmente aos Judeus. Ao saírem os Apóstolos com as boas novas do reino, a recomendação do Salvador era: “Não ireis pelos caminhos das gentes, nem entrareis em cidades de samaritanos; mas ide às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt. 10:5 e 6). As setenta semanas, especialmente conferidas aos Judeus, terminaram no ano 34. Naquele tempo, pelo ato do Sinédrio judaico a nação selou sua recusa aos Evangelhos pelo martírio de Estevão e perseguição aos servidores de Cristo. Assim, a mensagem da salvação, não mais restrita ao “povo escolhido”, foi dada ao mundo (Grande Conflito pg. 327). A indiferença e flagrante hostilidade com que os Judeus principalmente na ÚLTIMA SEMANA do seu tempo de graça, trataram o convite do evangelho e seus proclamadores, retrata a situação da humanidade nos ÚLTIMO DIAS, comparado por Jesus como nos dias de Noé (Mt. 24:37 – 39).
3 – Como resultado de sua rebelião para com o filho de Deus, os Judeus foram desqualificados como “povo escolhido”, isto no fim dos 490 anos (70x7), ano 34 d.C (com o martírio de Estevão e início da perseguição aos Cristãos). O que há mais de mais lastimável na vida do homem, senão o de perder sua condição de “escolhido de Deus”? Assim, o fim das setenta semanas, o fim do período de 490 anos ou 70x7, é um tipo do fechamento da porta da graça (ver Mt. 25:11 – 13).
“Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete”, foi a resposta de Jesus a Pedro, uma resposta precisa, cabal, ao mencionar o tempo da graça tipológico dos Judeus, Jesus nos ensina que enquanto durar o tempo da graça, enquanto a porta estiver aberta, haverá possibilidade de perdão ao pecador arrependido, ao coração quebrantado. Muitos ao se depararem com este texto não percebem que Deus tem um tempo determinado para tudo, até para o perdão.
Amado leitor, perto está o tempo quando nossas setenta semanas se findarão, dando lugar à sentença: “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça e o santo continue a santificar-se” (Apoc. 22:11). Observemos que não é Deus quem perde a capacidade ou a disposição de perdoar, antes é o homem que não sentirá mais arrependimento pelo pecado, este é o preço que terá de pagar a humanidade pecadora; a insensibilidade crônica, permanente, irreversível ante as bênçãos de Deus. A consciência cauterizada será a maldição do injusto e do imundo, o preço da constante resistência ao mover do Espírito em seu coração e consciência!
Por outro lado, quanta alegria para os justos e santos, em terem garantida, após o fechamento da porta da graça, um sempre crescente aprimoramento espiritual! Em qual destes dois grupos pretendes estar? Que Deus ilumine tua decisão. Amém!

Escrito por:

Maj QOPM Celso Jardim
Ancião da Igreja Central
em Balsas-MA

Um comentário:

Blog do Pastor Manoel Barbosa disse...

o artigo traz uma nova luz sobre o tema. confesso que fiquei surpreso, e o tema nos adverte que tudo tem limites até o perdão divino.

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