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quarta-feira, 18 de maio de 2016

O jornalista ateu e a pastora ateia

Do site - http://www.teologiapentecostal.com/ 

O jornalista ateu e a pastora ateia

 
Por Gutierres Fernandes Siqueira

Uma líder religiosa da Igreja Unida do Canadá assumiu publicamente o ateísmo (leia a notícia aqui). Nos cultos dirigidos pela pastora Gretta Vosper não há orações, leitura da Bíblia ou qualquer liturgia sagrada, mas apenas conversas sobre “os problemas da sociedade” e músicas. Vários comentários foram feitos na Internet sobre esse “sinal dos tempos”, mas o melhor texto que eu li foi justamente de um ateu. Leia abaixo o comentário do jornalista Jerônimo Teixeira sobre a pastora Vosper:


Eu tinha 16 ou 17 anos quando concluí que Deus é uma entidade fictícia. Eu era só um bobalhão, como são todos os garotos dessa idade, mas eu já tinha clara e plena consciência de que o mundo da religião estava, a partir de então, fechado para mim. Nada mais de igreja, missa, oração, procissão e promessa para santo. Agora veja os personagens desta reportagem. Todos, a pastora inclusive, são velhos. Mas se recusam a viver no mundo adulto - um mundo em que toda e qualquer escolha implica alguma penalidade, em que todo ganho vem acompanhado de alguma perda. Querem ser ateus, mas continuar frequentando a igreja. Uma das fiéis (se ainda cabe a palavra) da congregação diz que passou por todas as religiões, mas nunca se sentiu acolhida por nenhuma, até encontrar Gretta Vosper, a tal pastora ateia. Ora, uma pessoa que "passou por todas as religiões" demonstra um anseio que não me parece muito próprio de ateus (se não for demais citar meu próprio exemplo novamente: eu passei só pelo catolicismo - e, olha, bastou...). O que ela buscava, afinal? Um lugar de "tolerância", grande mantra do progressismo dodói. Entenda-se: um lugar que a aceite sem exigências, sem impor custo ou esforço. O culto, pelo que descreve o texto, é uma mistura de terapia grupal com roda de debates de programa televisivo (pense em Oprah, ou até em Saia Justa): a pastora fala muito em "amor" e convida os presentes a "dividir experiências".
O que se vê aqui é mais uma manifestação do que eu chamo de progressismo dodói - essa débil conjunção de um ideário de esquerda com manuais de autoajuda. Importa apenas que todos os envolvidos sejam sempre convencidos da própria virtude imaculada. O progressista dodói adora falar em amor e tolerância - mas o que ele de fato não tolera é ter sua própria fé onfálica submetida a exame ou posta em dúvida. Todos os membros da congregação ateia (e só essa expressão já deveria acordar nosso senso do ridículo) falam da religião e de seus dogmas com termos agressivos: são coisas da Idade Média, que promovem a divisão entre as pessoas, e que servem apenas à dominação dos privilegiados etc. E, no entanto, querem continuar sob abrigo da Igreja Unida do Canadá. Desejam fazer parte de uma organização, mas não aceitam as regras dessa organização. Isso é típico dos dodóis: acreditam que o mundo está todo errado, mas eles não só estão certos, como também guardam o segredo para sua corrigir o mundo: basta adaptá-lo a seus caprichos e a sua santimônia.
No que é talvez o depoimento mais imbecil coletado pela reportagem, uma senhora reclama que não seja possível contestar que Jesus é o filho de Deus que nasceu de uma virgem. Ora, isso vem sendo contestado há séculos - eventualmente, por gente que enfrentou censura e perseguição de verdade. O único risco que a aposentada canadense corre? Ver sua pastora expulsa da Igreja Unida do Canadá.
Vou repetir: um bando de senhores e senhoras idosos do Canadá está se mobilizando para impedir que uma igreja cristã expulse uma pastora que declara publicamente não acreditar em Deus. 
Tem coisas que são apenas idiotas. Outras são de tão idiotas a ponto de serem exemplares. Esta aqui sintetiza o espírito do tempo - que é, afinal, a idiotia.

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