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sexta-feira, 25 de abril de 2014

O ESTRANHO ENVOLVIMENTO DA TORRE DE VIGIA COM O ESPIRITISMO

O ESTRANHO ENVOLVIMENTO DA TORRE DE VIGIA COM O ESPIRITISMO

Azenilto G. Brito 

A Sociedade Torre de Vigia, organização sediada em Brooklyn, Nova York, que dirige a obra mundial das chamadas testemunhas de Jeová, sempre busca obter respaldo de eruditos para sua teologia peculiar e costuma citar autoridades que dêem apoio a suas teses ou assim pareçam fazê-lo. É uma forma de causar uma impressão de erudição ou autoridade quanto a muitos de seus ensinos, deixando os leitores convencidos do elevado gabarito e profundidade de pesquisa dos que redigem suas publicações. Contudo, muitas vezes isso ocorre distorcendo as palavras e intenções de tais pesquisadores.
Que citações tomando palavras de uma pessoa para dar sentido distorcido e até inteiramente contrário à intenção do autor é prática extremamente condenável eu próprio deixei claro no meu livro O Desafio da Torre de Vigia quando, tendo descoberto uma citação na revista Despertai! de certa autoridade em história e arqueologia cuja obra conhecia (Dr. Edwin R. Thiele), e que parecia chocar-se com as posições conhecidas de tal autor, busquei consultá-lo a respeito, e o que obtive em resposta foi seu protesto contra tal distorção. Eis a transcrição do trecho:
“B) ATENÇÃO: Tendo escrito ao Prof. E. R. Thiele solicitando esclarecimentos ante a forma abusiva pela qual Despertai! valeu-se de suas palavras, recebemos do ilustre mestre (já falecido) carta e artigo em que reafirma sua posição, conforme registrada em The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings. Em sua correspondência, E. R. Thiele protesta pela distorção que as 'testemunhas de Jeová' praticaram com o seu escrito de modo aético. Ele até declara que tais pessoas lhe devem desculpas pela desonestidade de seu ato!
     “Obs.: O artigo do Prof. Thiele com tal protesto apareceu, em português, na revista O Atalaia [atualmente fora de circulação] de agosto de 1975.  Op. Cit., pág. 63”.
Algo assim também se deu com o Dr. Julius R. Mantey, um dos autores do Manual Grammar of the Greek New Testament.  Mantey em várias ocasiões pediu que a Torre de Vigia removesse declarações de sua obra, como apareciam com sentido distorcido, fora de contexto, em publicações da seita. Embora os autores TTJ se utilizassem de trechos da gramática grega de sua autoria na busca de pretextos para negar a divindade de Cristo, esse autor sempre foi um dedicado crente num Deus Triúno.
O que se deu, porém, com a prática de citar eruditos, envolvendo o tradutor de Bíblia Johannes Greber, é um caso à parte. Certamente Greber seria hoje um autor favorito entre as TTJ pois tem uma postura idêntica em muitos de seus ensinos. Por exemplo, num de seus escritos Greber declarou:
Não existe qualquer união de três pessoas em nenhuma Trindade no sentido em que os cristãos em  geral  ensinam. . . . Somente o Pai é Deus. O próprio Cristo não foi Deus, mas somente o primeiro dentre os filhos de Deus.
Devido à necessidade de apoiar suas doutrinas heréticas, Greber igualmente publicou sua própria tradução do Novo Testamento. Tendo inclinações espiritualistas, alegava ter-lhe sido comunicado pelo “mundo dos espíritos” haver lugares no Novo Testamento, das Bíblias modernas, em que uma palavra havia sido mudada a ponto de alterar o sentido do texto. Quando lhe foi solicitado referir algum texto ele citou João 20:28. Um “espírito” teria anunciado a Greber que Tomé não proclamou Jesus como seu Senhor e Deus, mas que teria se referido a Ele como seu Senhor e Mestre.
Greber dedicou-se, então, à tradução completa do Novo Testamento, sempre com o auxílio dos “espíritos” e sem ligação “com dogmas de qualquer igreja”. É digno de nota que a própria Torre de Vigia, em The Watchtower [A Sentinela] de 15/02/1956, condenou Greber denunciando-o como espírita, contudo cita de suas obras como autoridade confiável em publicações lançadas em 1962, 1975, 1976 e 1981!
A tradução de Greber de João 1:1 ajusta-se como uma luva às interpretações jeovaístas: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus; e o Verbo era um deus”. Os livros Aid to Bible Understanding [atualmente Insight on the Scriptures, em português Estudo Perspicaz das Escrituras], Certificai-vos de Todas as Coisas, O Verbo, Quem é Ele? fazem todos uso da tradução de Greber de João 1:1. Greber é citado como um exemplo de uma tradução moderna que emprega “um deus” concordando, assim, com a Tradução do Novo Mundo.
Greber foi um sacerdote católico que morou na Alemanha no princípio do século XX. Em 1923 uma série de experiências o levou a interessar-se pelo espiritismo, ou comunicação com os seres espirituais. Ele recorda essas experiências numa seção autobiográfica de seu livro Comunicação com o Mundo dos Espíritos de Deus. Os seres desse mundo lhe teriam comunicado que muito do que se crê na cristandade é falso porque as traduções bíblicas estavam cheias de imprecisões e traduções falhas. Assim, inspirado por tais espíritos, Greber lançou-se à empresa de preparar sua própria tradução bíblica. Eis como a Fundação Memorial Johannes Greber, que ainda vende seus livros, expõe sua fantástica experiência:
O Novo Testamento, como interpretado pelo erudito Pr. Johannes Greber, tem como fonte os mais antigos manuscritos no mundo, postos em disponibilidade ao Pr. Greber para estudo e tradução mediante a cortesia e cooperação de especialistas teológicos e museus por todo o mundo. Esta é uma tradução absolutamente independente, sem restrição a dogmas de qualquer igreja.
Às vezes ele obtinha as respostas corretas através de grandes letras e palavras  iluminadas  que passavam perante os seus olhos. Outras vezes, obtinha as respostas corretas durante seções de oração. Sua esposa, uma médium do Mundo do Espírito de Deus, era freqüentemente a instrumentalidade para transmitir as respostas corretas dos Mensageiros de Deus ao Pr. Greber. 
    A Bíblia proíbe todo contato com seres do mundo espiritual, e as próprias TTJ aprendem isso. Na obra de 1995, O Conhecimento Que Conduz à Vida Eterna,  todo o capítulo 12 é dedicado a expor tal proibição. Um livro de instrução doutrinária anterior, A Verdade Que Conduz à Vida Eterna, pág. 61, traz  o  subtítulo  “Mantenha-se  Livre  de  Toda Forma de Espiritismo”. Assim, é paradoxal que para a defesa de sua teoria antibíblica de ser Jesus um ser criado busquem os instrutores da Torre de Vigia respaldo de um autor que tem tais alegações de práticas espíritas.
   Por falar nisso, é interessante acentuar que há algumas coisas um tanto misteriosas em certas publicações jeovaístas, exatamente sobre a questão de consulta aos mortos. No livro de exposição das profecias do Apocalipse intitulado Revelação, Seu Grandioso Clímax Está Próximo, pág. 125, há esta declaração:
Desde o tempo do apóstolo João, e até o dia do Senhor, cristãos ungidos ficaram curiosos quanto à identidade da grande multidão. Portanto, é apropriado que um dos 24 anciãos, representando os ungidos já no céu, estimule o raciocínio de João por fazer uma pergunta pertinente: “E, em resposta, um dos anciãos me disse: ‘Quem são estes que trajam compridas vestes brancas e donde vieram?’ Eu lhe disse assim imediatamente: ‘Meu Senhor, és tu quem sabes’” (Revelação 7:13, 14a) Sim, este ancião podia achar a resposta e dá-la a João. Isto sugere que os ressuscitados do grupo dos 24 anciãos talvez estejam envolvidos em transmitir verdades divinas hoje em dia.  
Logo, a Torre de Vigia está alegando que as “testemunhas de Jeová” ungidas, que morreram e agora estão ressuscitadas como espíritos, habitando no Céu, podem estar “envolvidas em transmitir verdades divinas hoje em dia”!
Mas tal conceito não é tão moderno. O livro O Mistério Consumado, publicado pela Torre de Vigia em 1917, pág. 144, já sugeria que o falecido Russell controlava a obra das TTJ mesmo a partir do Céu, para onde teria partido ao ser ressuscitado espiritualmente. Ao comentar Apo. 8:3, consta do livro (não mais disponível) esta estranha declaração, certamente desconhecida da grande massa de “testemunhas” atuais: 
Este verso mostra que, conquanto o Pr. Russell tenha passado para além do véu [N.A.: o além-túmulo], ele ainda está dirigindo cada aspecto da obra da Ceifa.
É difícil imaginar como Russell estaria dirigindo a obra das “testemunhas de Jeová” a partir do Céu, enquanto o seu sucessor, Joseph F. Rutherford, alterava sobre a Terra muitos dos ensinos que o primeiro estabelecera, como a teoria da pirâmide de Gizé como base de entendimento profético, as mudanças de datas, como a da ressurreição dos ungidos, de 1878 para 1918, a do início da parusia, de 1874 para 1914, a do início do milênio, de 1915 para 1925, além de várias outras práticas e ensinos do tempo daquele.
Confirmando a noção de controle da Obra por Russell após sua morte (que se deu em 1916), é dito na revista Watchtower [A Sentinela] de 1º/11/1917:
Portanto, nosso querido Pr. Russell, sem dúvida, está manifestando um profundo interesse na obra da ceifa, e tem permissão do Senhor para exercer uma forte influência sobre ela.
Rutherford parece ter temido que tal idéia sugerisse uma prática espírita, e décadas depois declara preventivamente no livro Luz, vol. 1, pág. 64: 
O Senhor empregou a Torre de Vigia para anunciar essas verdades. Sem dúvida ele empregou seus representantes invisíveis para realizar muito disso. De modo algum isso se trataria do que alguns poderiam considerar espiritismo. 
   Cria-se então que a ressurreição invisível dos salvos começara em 1878, mas “em 1927 concluiu-se que somente tivera lugar desde 1918” [Cf. as obras da Torre de Vigia Do Paraíso Perdido ao Paraíso Recuperado, pág. 192 e Los Testigos de Jehová en el Propósito Divino, págs. 63 e 64]. Assim, no ano de 1917, Russell estaria se comunicando com seus irmãos que deixara sobre a Terra para conduzir a “obra da Ceifa”, levando-os a alterar ensinos que ele mesmo defendia. Será que lá nos céus ele teve maior luz a respeito? Mas se for assim, por que os próprios líderes da Torre de Vigia mais tarde alteraram esses mesmos ensinos que o sucessor imediatamente de Russell estabeleceu? Não deixa de ser esse um grande mistério.
[Transcrito e adaptado de pesquisas de M. Kurt Goedelman e David Reed].
Referências à tradução de Greber em obras da Torre de Vigia:
 * Aid to Bible Understanding [Atual Insight on the Scriptures, em português: Estudo Perspicaz das Escrituras], pág. 1669,
  vb. “The Word” [O Verbo], em conexão com João 1:1
* Idem, pág. 1134, vb. “Memorial Tomb” [Túmulo Memorial], em conexão com Mateus 27:52, 53.
* Certificai-vos de Todas as Coisas (edição de 1965, em inglês), pág. 489, em conexão com João 1:1.
* The Watchtower [A Sentinela], 1º de setembro de 1962, pág. 554, em conexão com João 1:1.
* The Watchtower [A Sentinela], 15 de outubro de 1975, pág. 640, em conexão com Mateus 27:52, 53.
* The Watchtower [A Sentinela], 15 de abril de 1976, pág. 231, em conexão com Mateus 27:52, 53.
* The Word-Who Is He, According to John? [O Verbo-Quem é Ele, Segundo João?], em conexão com João 1:1.
* The Watchtower [A Sentinela], 15 de fevereiro de 1956: expõe e condena Greber como um médium espírita!
   

Fonte - O desafio da torre de vigia pags 

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