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terça-feira, 19 de abril de 2022

COMPAIXÃO PELOS MALTRATADOS


COMPAIXÃO PELOS MALTRATADOS

Lucas 10:25-37

 

Introdução

 

A parábola do Bom Samaritano é a mais conhecida dentre todas as que falam das características dos que pertencem ao reino de Deus. Ela tem sido motivo de inspiração para a fundação de muitas institui­ções de caridade no mundo, especialmente hospitais.

Sempre houve necessitados. No entanto, a situação política, am­biental e social no mundo está gerando cada vez mais necessitados. Há imigrantes desde o Mediterrâneo até as costas da Malásia, sem esquecer aqueles que tentam chegar aos Estados Unidos via México. Eles estão tentando deixar para trás velhos conflitos ou guerras no­vas, ou fogem da perseguição, da pobreza e da fome. Em 2014, mais de 170.000 pessoas chegaram à Itália. Na Síria, há mais de 7,6 mi­lhões de deslocados internos. Geralmente, os que chegam a um país ilegalmente vêm sem nada. Devem começar de novo e com grandes dificuldades para sobreviver. Enfrentam o desemprego e o racismo. No entanto, não precisamos ir tão longe. Na porta de nossa casa, temos oportunidades para praticar a compaixão. Cada necessitado é uma oportunidade para provar se a nossa religião existe só na teoria ou se é realmente prática.

ILUSTRAÇÃO

Uma mulher chamada Ana Smith chegou à casa de uma família muito pobre onde o chefe da família estava doente, sofrendo com dores crônicas. A mulher entrou para visitar esta casa com o propósito de falar algo sobre Cristo. Porém, o homem de muito mau humor disse à mu­lher: “Não quero que ninguém ore aqui nem leia a Bíblia, pois não creio em nenhuma dessas coisas”. Imediatamente, Ana Smith assegurou ao homem e à esposa aflita que faria algo para ajudá-los, e saiu para conse­guir suprimentos e roupas para a família. Quando a senhora Smith vol­tou, o homem que bruscamente lhe havia proibido de orar ou ler a Bíblia lhe disse: “Por favor, leia para mim a história do Bom Samaritano”. A senhora Smith fez isso com gosto e, quando terminou de ler, o enfermo disse: “Tenho visto muitos sacerdotes e levitas, mas nunca antes havia visto um bom samaritano”. A amargura do homem e seus preconceitos desapareceram por causa da boa ação de uma cristã.—Arnold

Para entender essa parábola a partir de outros ângulos, proponho estudá-la por meio de cinco perguntas:

 I. QUANTO VOCÊ SABE E QUANTO PRATICA?

A história começa com a pergunta não muito bem intencionada de um professor judeu da lei a Jesus: “Que farei para herdar a vida eterna?”.

O Senhor Jesus Cristo aproveitou a oportunidade para dar uma lição àqueles que participavam da reunião e também a nós na atuali­dade. Jesus lhe respondeu na linguagem dele: “O que está escrito na lei? Como você a interpreta?”.

A resposta quase automática do escriba inclui uma combinação de dois textos da Torá: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com toda a tua mente; e a teu próximo como a ti mesmo” (Dt 6:5; Lv 19:18). Aparentemente, a amalgamação desses dois textos já era costume en­tre os judeus. E esta havia feito uma fusão genial de textos. O escriba demonstrava um alto grau de conhecimento da Torá. No entanto, embora fosse muito bom para argumentar e soubesse de cor uma in­finidade de textos, mais importante que a fusão de dois textos era a fusão de dois conceitos: o amor para com Deus e o amor ao próximo. Será que os judeus entenderiam nessa combinação do amor a Deus e do amor ao próximo um só amor? A resposta é um sonoro “não”. Para eles, amar a Deus não é o mesmo que amar ao próximo, nem amar ao próximo é o mesmo que amar a Deus.

Jesus aprovou a resposta do escriba, mas insistiu que havia mais do que uma resposta teórica correta. A interpretação correta de uma passagem nunca garante por si só uma vida correta dentro do pacto. Por isso, Jesus acrescenta: “Faça isso e você viverá” (v. 28)

II. QUEM É MEU PRÓXIMO?

A pergunta do escriba “quem é meu próximo?” não é uma simples evasiva. É uma pergunta muito fundamental para todo judeu contem­porâneo de Jesus. O judeu comum vivia em um mundo concêntrico: no centro estava o judeu rodeado por seus parentes mais próximos; nos círculos seguintes estavam seus parentes mais distantes; depois estavam todos os compatriotas judeus, tanto por nascimento como por conver­são. O vocábulo “próximo” continha um conceito recíproco: eu sou um irmão para ele, e ele é um irmão para mim. Evidentemente, é um círculo tanto egocêntrico quanto etnocêntrico. Claramente, é um círculo dese­nhado especificamente com o objetivo da exclusão. O círculo assegurava auxílio aos de dentro e total falta de ajuda aos de fora (Kistemaker, p. 167). Porém, o exclusivismo era levado a extremos: os fariseus excluíam todos, menos outros fariseus. Os rabinos desejavam inclusive que os he­reges, delatores e renegados fossem jogados em um poço para não serem tirados nunca dali. O comentarista Jeremias acrescenta: “Não pedem que Jesus dê uma definição do próximo, mas que diga onde se encontram os limites do dever do amor dentro da comunidade e do povo. Até onde vai a minha obrigação?” (Roberto Fricke, Las parábolas de Jesús, p. 246).

III. ATÉ ONDE VAI A MINHA OBRIGAÇÃO?

Na história não é revelado se o ferido era pobre ou rico. Simplesmen­te descreve-se alguém que precisava de ajuda. A história não descreve se o ferido prometeu pagar todos os gastos e o tempo investido. Este atuou simplesmente por compaixão. Do ponto de vista dos negócios, o sama­ritano trabalhou à toa.

Nesta parábola, Cristo nos diz que devemos responder a uma neces­sidade que poderia não ser conveniente. Há riscos em ser compassivo. O mais sábio e seguro para o samaritano teria sido seguir seu caminho e deixar o maltratado enfrentar suas consequências. Às vezes, teremos que atuar mesmo que não haja nenhuma garantia dos resultados que gostaríamos de ver.

Alguém que não possa me agradecer nem me pagar. É parte de nós, seres humanos, querer receber crédito pelo bem que fazemos, es­pecialmente se tivermos feito algum tipo de sacrifício. Mesmo sendo cristãos, podemos nos sentir tentados a afirmar que estamos “dando glória a Deus”, quando o que realmente queremos é a gratificação de ser reconhecidos por nossos esforços. Ou podemos sentir que nosso ressentimento é justificado quando a pessoa que ajudamos parece in­grata ou não responde como nós cremos ser correto.

O samaritano sabia que o homem que estava meio morto não era capaz de expressar agradecimento nem de devolver a ajuda que havia recebido. Quando se recuperasse, o desconhecido que o ajudou já teria ido embora há muito tempo.

Em Mateus 6:1-4, Jesus explica como devemos tratar os necessitados. Ele nos ensina que devemos dar aos outros em segredo, intencionalmente, e sem nos vangloriarmos do que fizemos para receber elogios. Descobriremos que nos dará mais alegria poder demonstrar amor, dando nosso tempo, energias e recursos, sem impor condições para isso. Alguém por quem valha a pena me arriscar, mesmo que tenha meus temores.

Alguém que é amado e valorizado por Deus, apesar dos meus pre­conceitos. Os líderes religiosos viram só um homem indigno, que podia transtornar suas vidas ou causar-lhes dano. Já o samaritano viu outro ser humano que merecia ser tratado com dignidade. É evidente que o samaritano reconheceu o homem como um indivíduo com um futuro, não simplesmente alguém definido por sua situação presente.

IV. POR QUE NÃO MUDAR DE PERGUNTA?

Em seu último discurso, Martin Luther King relatou sua própria experiência pelo antigo caminho de Jericó. Quando viu o traiçoeiro e sinuoso caminho, ele entendeu quão preocupados deviam haver esta­do o sacerdote e o levita de Lucas 10 sobre a sua própria segurança, ao ver o homem moribundo. O Dr. King concluiu que, além de seu temor de ficarem cerimonialmente impuros, eles podem muito bem ter se preocupado com a possibilidade de ladrões por perto ou se o homem os estava atraindo para uma armadilha.

O Dr. King viu quão fácil nos é fazer a mesma pergunta: Se eu parar para ajudar, o que vai acontecer comigo? “Porém, logo”, disse, “veio o Bom Samaritano, e este fez a pergunta ao contrário: ‘Se eu não parar para ajudar este homem, o que acontecerá com ele?’”.

Em essência, o que Jesus quer é que invertamos a pergunta para que pos­samos colocar os outros antes de nós mesmos.

Ilustração

Um pai caminhava nervoso em sua casa olhando para o relógio que já indicava mais de meia-noite. Ele temia que sua filha que tinha acabado de completar 18 anos não chegasse em casa. Ela havia pro­metido voltar antes da meia-noite. Ele não pôde mais aguentar. Ele conhecia o lugar. Então, decidiu sair para procurá-la. Estava nervoso e até obcecado. Sua filha nunca havia falhado com ele. Ele acelerava a marcha. Felizmente, a essa hora não havia muito trânsito. Ao chegar a uma área considerada não muito segura e onde se haviam registra­do alguns assaltos, ele se viu obrigado a diminuir a velocidade. Ime­diatamente, percebeu que havia acontecido um acidente e segundo se notava, este devia ter sido recente. Só havia parado uma mulher que tentava ajudar. “Tenho que deixar de lado”, pensou. “Não posso per­der meu objetivo. Além disso, já há alguém ali e, sem dúvida, vai cha­mar a emergência.” Quando ele estava prestes a acelerar, o espírito do Samaritano o dominou, e ele se sentiu obrigado a frear bruscamente e a aproximar-se do lugar do acidente. Quando ele se aproximou para abrir a porta, notou que quem estava ferida e presa entre os bancos do veículo era sua própria filha. Com força incomum, ele conseguiu desprendê-la dos ferros e, quando ele a retirava em seus braços, o fogo tomou conta do veículo. Ele havia agido bem na hora. Tremendo, ele se perguntou: “O que teria acontecido se eu não tivesse parado?”.

Ao seu lado, há pessoas esperando sua ajuda. Cristo nunca Se esquivou e o deixou abandonado. Você não pode ser insensível a esse clamor. A compaixão de Cristo deve ser a sua. E lembre-se: ao salvar uma vida, você pode estar salvando a sua.

V. O MALTRATADO REPRESENTA QUEM?

Geralmente, pensamos no Bom Samaritano da parábola como uma figura semelhante a Cristo. Realmente, assim é, porque Jesus “andou fazendo o bem” (At 10:38). Porém, em um sentido mais pro­fundo, o homem que caiu entre ladrões é o representante de Cristo, o próximo que necessita de minha ajuda. Foi a Cristo, que ficou nu, espancado e deixado para morrer, que o samaritano ajudou. Este é o coração do ágape cristão: “A mim o fizestes”. Não há mérito em nos­so serviço, porque o melhor que podemos fazer não é digno dAquele que fez tanto por nós. O pobre que sofre, a quem eu ajudo, me confere um favor, não eu a ele, porque ele me mostra a Cristo, faz com que Cristo seja real para mim, me permite tocar, atender e servir a Cristo.

Da próxima vez que você vir alguém digno de compaixão, pense nis­so. O necessitado que está diante de mim é a oportunidade de devolver um pouco a compaixão que Cristo teve por mim. Na verdade, eu sou o maltratado que jazia no caminho, sofrendo as consequências das mi­nhas transgressões e loucuras, mas Cristo passou perto de mim, parou, limpou as minhas feridas, me carregou em Seus braços, me levou a um lugar seguro e ainda pagou a conta dos meus gastos. Imerecidamente, eu recebi a misericórdia de Cristo. E esse pagamento não foi pouco; signi­ficou o sangue de Cristo que pagou o meu resgate. Ele morreu para que eu pudesse viver.

Conclusão

Esta é a verdadeira compaixão: esplagnízomai, um amor verda­deiro, um amor que vem das entranhas e que não tem limites, um amor que temos que aprender.

Faça esta oração:

Senhor, não quero me esquivar

diante do homem ferido no caminho da vida.

Quero me aproximar e me contagiar da Tua compaixão

para expressar Teu amor e Tua ternura.

Tu, Jesus, bom samaritano,

aproxima-Te de mim,

ferido pelas flechas da vida,

pela dor de tantos irmãos,

pelos mísseis da guerra.

Sim, aproxima-Te de mim,

bom samaritano;

e leva-me em Teus braços.

Vem, bom samaritano,

e faz-me ter os Teus mesmos sentimentos,

para não dar nunca nenhum rodeio

ante o irmão que sofre,

mas fazer-me companheiro de seus caminhos,

amigo de suas tristezas,

próximo de suas doenças,

para ser, como Tu, “ilimitadamente bom”

e passar pelo mundo “fazendo o bem”

e “curando as doenças”.

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Desconheço o autor.

Mas peço que Deus o ilumine, para continuar produzindo sermões tão relevantes

Sem autorização do autor, logico, pois não o conheço, tive a ousadia de publicar este sermão no meu Blog, para deleite e inspiração dos meus leitores

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