Deus e a revelação
Sábado à tarde
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Ano Bíblico: Mt 5–7
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VERSO PARA MEMORIZAR: “Havendo Deus, outrora, falado,
muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos
dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo
qual também fez o Universo” (Hb 1:1, 2).
Leituras da semana: 2Pe
1:19-21;
2Tm
3:16, 17;
Dt
6:4;
Mt
28:19;
Hb
11:6;
Êx
3:1-14
Pensamento-chave: Por mais importante que seja
compreender a maneira pela qual a inspiração bíblica funciona, é mais
importante conhecer o Deus revelado a nós por meio dessa inspiração.
Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras
das Suas mãos” (
Sl
19:1). Isso é verdade. O que eles não proclamam, no entanto, é que o nosso
Deus nos ama, morreu por nós e está trabalhando ativamente para nos salvar das
consequências de nossas escolhas pecaminosas.
O resultado é que, não importa o que aprendamos sobre Deus a partir de
outras fontes, a principal fonte tem que ser a Bíblia. Existem grandes
verdades, especialmente sobre a natureza de Deus e Sua atuação no mundo, sobre
as quais nada saberíamos se não nos fossem reveladas. Como já vimos, embora as
pessoas percebam a ocorrência de uma batalha entre o bem e o mal, de que outro
modo elas saberiam acerca do grande conflito se as Escrituras não falassem
sobre isso?
Nesta semana, focalizaremos duas coisas: primeira, examinaremos o que a
Bíblia diz sobre si mesma e acerca de como ela foi inspirada; segunda, veremos
o que ela ensina sobre o Deus que a inspirou.
A doutrina da Escritura
1. Como os autores do Novo Testamento consideravam as
Escrituras? 2Pe
1:19-21
Pedro afirma que as profecias do Antigo Testamento não eram de origem humana.
Seu argumento é que os profetas falaram porque foram “movidos pelo Espírito
Santo”. A expressão “movidos pelo Espírito Santo” significa que o impulso que
levou à produção das Escrituras proveio do Espírito de Deus. Em resumo, os
escritores da Bíblia foram inspirados pelo próprio Senhor.
2. Quais são a utilidade e o propósito da Bíblia? 2Tm
3:16, 17
Evidentemente Paulo queria que Timóteo entendesse que, tendo as Escrituras
sua origem no poder divino, elas são dignas de confiança e valiosas para a
edificação do crente. Paulo não deixa dúvida quanto à veracidade, autoridade e
origem das Escrituras. Observe também que ele está falando de “toda a Escritura”.
Paulo não nos deixa a opção de escolher quais partes consideramos inspiradas e
quais partes não consideramos. Nem tudo (como as leis cerimoniais) é ainda
obrigatório para nós, mas isso é radicalmente diferente da alegação de que
algumas partes da Bíblia são inspiradas e outras não, ou que algumas partes não
são tão inspiradas como outras partes (seja qual for o suposto significado
disso).
3. Que verdades cruciais sobre as Escrituras e sua autoridade
podemos aprender com Jesus? Mt
4:4,
7,
10;
22:41-46;
Jo
10:34, 35
Não importa aquilo em que acreditamos, precisamos de um ponto de partida, um
fundamento sobre o qual colocar essa crença. Para os adventistas do sétimo dia,
esse fundamento é a Bíblia, a norma suprema e árbitro da verdade.
Quanto tempo você gasta com a Palavra? Quanto de sua vida é moldado
por aquilo que ela ensina? Pense nas últimas 24 horas. Durante esse tempo, o
que você fez, ou deixou de fazer, que foi fundamentado na autoridade das
Escrituras?
A natureza da inspiração
Não são as palavras da Bíblia que são inspiradas, mas os homens é que
o foram. A inspiração não atua nas palavras do homem ou em suas expressões, mas
no próprio homem que, sob a influência do Espírito Santo, é possuído de
pensamentos. As palavras, porém, recebem o cunho da mente individual. A mente
divina é difusa. A mente divina, bem como Sua vontade, é combinada com a mente
e a vontade humanas; assim as declarações do homem são a Palavra de Deus”
(Ellen G. White,
Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 21). Como essas palavras nos
ajudam a entender como funciona a inspiração bíblica?
Em relação à inspiração, às vezes as pessoas ficam confundidas com o que,
muitas vezes, são considerados textos problemáticos. Considere, por exemplo, o
texto da inscrição acima da cruz de Jesus, conforme descrito nos evangelhos. De
acordo com
Mateus
27:37, a inscrição diz: “Este é Jesus, o Rei dos judeus”; de acordo com
Marcos
15:26, diz: “O Rei dos judeus”; de acordo com
Lucas
23:38, diz: “Este é o Rei dos judeus”. Como devemos entender essas
diferenças?
Como a Bíblia diz, “toda a Escritura é inspirada por Deus” e é confiável. No
entanto, recebemos relatos diferentes da inscrição na cruz de Jesus. Esses dois
pontos em conjunto podem nos ajudar a entender como a inspiração funciona. Esse
caso mostra que a inspiração permite diferentes expressões de uma ideia ou
evento, na medida em que essas expressões os descrevem adequadamente. Quando
textos semelhantes expressam a mesma ideia de modo adequado, como nas
inscrições sobre a cruz, a inspiração os harmoniza. Por outro lado, onde são
necessários detalhes específicos, como em
1
Reis 6:1, a inspiração os apresenta e devemos confiar neles.
4. Que aparentes diferenças existem nos relatos da morte de
Judas? At
1:18;
Mt
27:5
Durante muito tempo, os críticos da Bíblia afirmaram que esses versos
davam relatos conflitantes sobre a morte de Judas. No entanto, uma pesquisa
recente mostrou que a palavra traduzida como “precipitando-se” (“caiu de
cabeça”, NVI) em
Atos
1:18, também significa “inchando”. Portanto, é provável que, depois de se
enforcar, Judas não tenha sido descoberto até que seu cadáver estivesse
inchado, o que teria feito com que suas entranhas se arrebentassem. O ponto é
que, aquilo que a princípio parecia ser contraditório demonstrou harmonia.
A maior parte da Bíblia não é problemática. Nos poucos lugares em que
algumas questões permanecem sobre aparentes “erros” ou “contradições”, a
atitude prudente é humildade. Muitas pessoas naufragaram na fé, ao focalizar os
“problemas” dos textos. Não fomos chamados para julgar a Palavra. Em vez disso,
fomos chamados para obedecer a ela.
O mistério do Deus triúno
“Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança” (Gn 1:26).
Ainda que seja importante entender como funciona a inspiração, isso é apenas
o meio para um fim, e esse fim é conhecer a Deus. Uma profunda compreensão de
como a Bíblia foi escrita, ou mesmo uma compreensão profunda das verdades nela
reveladas, nada significa se não conhecemos o Senhor por nós mesmos (
Jo
17:3).
E uma coisa que a Bíblia afirma explicitamente sobre o Senhor é a Sua
unidade.
5. Que verdade fundamental sobre Deus foi apresentada por
Moisés? Dt
6:4;
Mc
12:29
A expressão bíblica sobre a unidade de Deus exclui qualquer ideia
relacionada com muitos deuses. Há um só Deus. No entanto, a descrição completa
encontrada na Bíblia demonstra que Ele tem uma “substância” interior, mesmo na
Sua unicidade.
6. O que a Bíblia explica sobre a realidade interior de Deus?
Gn
1:26;
3:22;
11:7;
Jo
1:1-3,
18;
20:28,
2Co
13:13;
Mt
28:19
A sugestão de pluralidade no Antigo Testamento apresenta indícios sobre a
natureza do ser interior de Deus. Quando ligamos essa sugestão com a afirmação
do Novo Testamento sobre Jesus Cristo e o Espírito Santo, começamos a perceber
que há muita coisa sobre a natureza divina que não entendemos completamente e
provavelmente nunca entenderemos. A trindade divina é um mistério, entre muitos
outros, com o qual teremos que aprender a conviver. A informação que a Bíblia
dá sobre Deus, incluindo Sua natureza triúna, não é dada para que nos
envolvamos em discussões especulativas, mas a fim de aprofundar nossa
compreensão de Suas atividades, em especial Sua obra redentora em nosso favor,
à medida que o grande conflito se desdobra e se aproxima do fim.
Quem não tem muitas perguntas que só Deus pode responder? Como podemos
aprender a confiar nEle até o momento em que as respostas serão dadas?
Atributos do nosso Criador
A Bíblia nos revela verdades sobre Deus que não encontraremos em outro
lugar. Entre essas, está a verdade de que Ele é o criador. Na verdade, essa é a
primeira coisa que a Bíblia nos diz sobre Deus, que Ele criou “os céus e a
Terra” (
Gn
1:1).
Uma das muitas coisas fascinantes sobre esse texto é que a Bíblia simplesmente
pressupõe a existência de Deus sem tentar prová-la ou demonstrá-la. A Bíblia
gasta grande quantidade de tempo nos ensinando como é Deus, especialmente
quando Seu caráter é revelado por meio de Sua interação com a humanidade caída.
Mas ela não gasta nenhum tempo tentando provar que Ele existe. Ela apenas
reconhece Sua existência.
7. Qual é o papel da Bíblia na convicção acerca da existência
de Deus? Qual é a importância da fé? Hb
11:6;
Rm
10:17
A convicção sobre a existência de Deus não pode surgir somente de argumentos
racionais. A Bíblia ensina que uma pessoa é convencida da existência de Deus
por meio da experiência pessoal com Ele, à medida que o Espírito Santo
impressiona o coração e a mente com o fato de Sua existência. Em muitos casos,
as pessoas podem vir a acreditar em Deus primeiramente, e depois começam a
construir um fundamento lógico e intelectual para a fé em um Deus que não podem
ver.
8. Quais são alguns dos atributos de Deus? Que atributos você
encontrou na Palavra? Ml
3:6;
Tg
1:17;
1Jo
4:8,
16;
2Cr
6:18
Medite nos atributos de Deus como expressos nas Escrituras. Quantos
deles você poderia conhecer a partir de outras fontes, isto é, por meio da
natureza ou da experiência pessoal? O que sua resposta ensina sobre a
importância das Escrituras para nossa compreensão de como realmente é Deus?
As ações de Deus
Mesmo a leitura mais superficial da Bíblia revela que Deus está
ativamente envolvido com a humanidade e no que acontece na Terra. Ele não está
distante, separado, afastado, como alguns antigos conceitos gregos sobre Deus
ensinavam, ou mesmo como alguns teólogos cristãos tentam descrevê-Lo. Embora a
criação esteja radicalmente diferente do que Ele originalmente fez, o Senhor Se
ligou intimamente a ela.
Como vimos ontem, a Bíblia descreve o Senhor como nosso criador, um ato que
mostra que Deus está intrinsecamente ligado a este mundo.
9. O que os textos a seguir dizem sobre outras ações de Deus na
Terra, especialmente no contexto do grande conflito?
Gn
11:9 |
Gn
19:24 |
Êx
3:1-14 |
Jo
3:16 |
1Ts
4:17
Sem dúvida, a Bíblia revela um Deus muito envolvido com a humanidade.
O cenário do grande conflito é, realmente, acerca de como o Senhor está atuando
para salvar a humanidade das garras do pecado e de Satanás. Desde o primeiro
ato de criação da Terra (
Gn
1:1) passando pela cruz (
Jo
19:18) e até a recriação da Terra (
2Pe
3:12, 13), a Bíblia nos mostra de forma inequívoca a atuação intensa do
Senhor em favor da humanidade.
Você experimentou pessoalmente a atuação de Deus? De que forma você percebeu
a obra do Senhor em sua vida e na vida dos outros? De que forma você pode
aprender a encontrar conforto no conhecimento da proximidade e intimidade de
Deus conosco?
Estudo adicional
Leia de Ellen G. White,
A Ciência do Bom Viver, p. 427-438: “O Perigo do
Conhecimento Especulativo”;
Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 746-749: “O Verbo Se
Fez Carne”;
O Grande Conflito, p. 5-8: “Prefácio” e “Introdução”.
“Deus Se agradou em comunicar Sua verdade ao mundo por meio de pessoas, e
Ele mesmo, pelo Seu Espírito, qualificou e habilitou homens para realizar essa
obra. Ele guiou a mente na escolha do que dizer e escrever. O tesouro foi
confiado a vasos de barro, mas é, contudo, de origem celestial. O testemunho é
transmitido mediante a imperfeita expressão da linguagem humana, porém é o
testemunho de Deus, e o filho de Deus, crente e submisso, contempla nele a
glória de um divino poder, cheio de graça e verdade.
“Em Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o conhecimento necessário à
salvação. As Santas Escrituras devem ser aceitas como autorizada e infalível
revelação de Sua vontade. Elas são a norma do caráter, o revelador das
doutrinas, o teste para avaliar a experiência religiosa. ‘Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra’” (
2Tm
3:16, 17;
O Grande Conflito, p. 8, 9).
Perguntas para reflexão
1. Em muitos aspectos, a ciência e a tecnologia têm sido uma grande bênção para
a humanidade. De certa forma, também, a ciência tem nos ajudado a entender
melhor o poder de Deus (por exemplo, considere o que ela mostrou sobre a
absoluta complexidade da vida!). Quais, porém, são os limites óbvios ao que a
ciência pode nos ensinar sobre Deus? Quando, também, a ciência pode atuar
contra a verdadeira compreensão de Deus?
2. Por que a doutrina de um Deus triúno é tão importante para nós? O que
significaria, por exemplo, se Cristo fosse qualquer outra coisa menos do que
plenamente Deus?
Respostas sugestivas: 1. Uma candeia que brilha em
lugar escuro; as profecias não foram dadas por vontade humana, mas homens
santos foram movidos pelo Espírito Santo. 2. Útil para o ensino, repreensão,
correção e educação na justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra. 3. “Não só de pão viverá o homem,
mas de toda palavra que procede da boca de Deus”; a Palavra escrita nos protege
dos ataques satânicos e tem autoridade para corrigir ideias erradas. 4. Mateus
diz: enforcou; Atos diz: “precipitando-se, rompeu-se pelo meio”, e as suas
entranhas se derramaram; o verbo precipitar também pode significar inchar:
depois de se enforcar, seu corpo inchou e se rompeu. 5. O Senhor, nosso Deus, é
o único Senhor. 6. Deus Se refere a Si mesmo como “nós”; o Verbo (Jesus) estava
com Deus; Ele é Deus e Criador; o batismo é feito em nome da pessoa do Espírito
Santo, do Pai e do Filho. 7. A
fé vem ao ouvirmos a Palavra de Deus; sem fé é impossível agradar a Deus; para
estar perto de Deus, é preciso crer nEle e na recompensa que Ele prometeu. 8.
Deus não muda; Deus é a fonte da luz e perfeição; Deus é amor; Deus é
transcendente e infinito. 9. Confundiu as línguas e espalhou a sociedade de
Babel; destruiu Sodoma e Gomorra; libertou Israel do Egito; enviou Jesus para
morrer pelos pecadores; Jesus voltará para transformar os salvos e livrá-los do
pecado.