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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Robin Williams, a depressão e os crentes

 

Fonte - http://www.genizahvirtual.com/2014/08

 

Robin Williams, a depressão e os crentes



Ontem tweetei sobre a morte do  Robin Williams e o tweet apareceu em matéria da FOLHA DE PAULO (AQUI). Conheço bem a depressão. Tivemos encontros marcantes na vida. Não consigo manter grande distancia, então vivo atento e não me deixo seduzir. Vigio.




Não demorou e, sobre Robin Williams apareceu por aqui gente dizendo que "tinha fama e dinheiro... mas somente uma vida com Deus…". Aquela cantinela do "só crente é feliz…

Balela! 

Robin era famoso, engraçado, amoroso, talentoso e realizado… E nada disto  evita ou serve de antidoto para depressão. Nem mesmo uma vida com Deus… Embora a maioria dos crentes acredite nisto...
Só fala isto quem não conhece depressão. Jesus cura depressão, mas não parece fazer isto com freqüência. Frequentemente, se está com Deus e a depressão ataca. Sempre haverá espinhos na carne. E, muitas vezes, também na alma.

Deus só preenche os vazios da alma que Ele quer preencher. Crer em Deus e ter fé não é garantia de absolutamente NADA. Nem de salvação. É preciso nascer de novo e, lembre, que mesmo nascido de novo não se será perfeito. Perfeição não é para esta vida e ser crente não é garantia de felicidade. Jesus nunca prometeu isto, ao contrário! Nossas promessas são de tribulação! Porquanto não canso de ver pastores santos sofrendo de depressão. E olha que eu conheço muitos pastores santos, destacados e dignos de serem chamados de pastores. 

Pasmem: Pesquisas indicam que 47,5% dos pastores e padres sofrem de alguma doença psicológica, incluindo a depressão. 
De fato, a maioria dos grandes homens de Deus sofre de depressão. A Bíblia está cheia de gente com depressão. A começar por Jó. David também teve fases depressivas. Quase todos os profetas sofriam de depressão. Elias quis morrer (1 Rs 19.4). Jeremias se achou um lixo (Jr 1.6). e João? Um depressivo de carteirinha! E Paulo? Diversos momentos de depressão! Murmurava dos amigos, depois voltava atrás! E Timóteo! (2 Tm 1.4-7). Finalmente  o próprio Jesus encarnado que chegou a afirmar que estava triste como a morte (Mt 26.37, 38).

Ao que parece a "tristeza na alma" é algo que acomete os que amam demais o próximo. 

É gente que sofre com gente e com a condição caída do homem. 
Gente que ressente mais a distância de Deus do que a maioria. 
Depressão não é alma vazia. 
Depressão é alma lutando com mais do que consegue suportar. 
É uma lembrança constante do Amor de Deus que carrega parte do fardo, mas que também deposita mais peso no ombro dos seus filhos mais amados.

Depressão é motivo de oração. 

A oração de quem nos ama é o melhor remédio para a depressão. 
Anti-depressivos também ajudam!

Danilo Fernandes


PS: E sobre o suicídio?


O crente está livre de uma morte por suicídio decorrente da depressão? Lamentavelmente, não. Suicídio é tudo aquilo de errado e abominável aos olhos de Deus que entendemos como cristão,  contudo, nem todo suicídio é atentado contra a Zoe -contra a vida que pertence a Deus. Não! 

A depressão pode cegar tanto o indivíduo, obscurecer tanto a existência  que o suicídio não é mais suicídio, mas a conseqüência natural de uma degeneração brutal da consciência. Dai, o suicida, não tirou a sua vida em perfeito juízo e por vontade. A doença fez isto. O doente é tão passivo no processo quanto alguém que sofreu ataque cardíaco, AVC, etc.

Há remédios para a pressão, o coração e a para depressão. Quem precisa, é bom tomar. Para muita gente funciona. Para outros, lamentavelmente, ainda não. 

Assim como alguém com Alzheimer, Parkinson, ou qualquer doença mental debilitante, degenerativa,  pode se matar ao atravessar uma rua movimentada, sem ter noção do que estava fazendo; ou, ainda,  fazer qualquer outra besteira porque não tinha consciência do mal que poderia fazer a si ou a outros; também o depressivo pode atingir um estado em que não mais tem a consciência de que atenta contra a sua própria vida. Portanto, não se suicidou, mas foi "suicidado" pela própria mente. Vitimado por uma doença mentalmente incapacitante. Sendo assim,  não perdeu a sua salvação e, nem tão pouco apostatou da fé.  O suicida depressivo pode ser menos culpado da própria morte do que aquele crente que enche as veias de gordura nos churrascos da igreja ou do que o crente diabético que afoga suas mágoas nos docinhos das festas e quermesses. 

Deus pode decidir não livrar crentes de morrerem assassinados, infartados, torturados, doentes de câncer ou de AIDS, dizimados por jihadistas sunitas, ou por leões romanos… Deus pode ter decidido a morte de Cristo na Cruz e, então, porque não permitiria que crentes tomados por depressão ou outra debilidade mental venham a cometer suicídio? 
Quem pode afirmar que alguém com um problema mental -a depressão é uma doença mental- esta sob controle de tudo o que faz? 

Sim! A salvação pode (1) também alcançar o suicida! 

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