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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Os adventistas e a política

Fonte - Criacionismo 

 

Os adventistas e a política

Exercício da cidadania
De dois em dois anos somos convocados a exercer nosso direito de escolher nossos representantes. Falando assim, parece até um paradoxo ser convocado a exercer um ato que, para ser um direito, deveríamos ser apenas convidados e não convocados. Mas, seja lá como for, o fato é que, de dois em dois anos, temos eleições no Brasil e temos que comparecer perante as urnas para exercer esse “direito-dever”. O problema é que para nós adventistas está se tornando cada vez mais difícil escolher alguém que, além de honesto, tenha um plano de governo que contemple toda a sociedade e, além disso, tenha pelo menos respeito aos valores que defendemos. Acompanho a política há muitos anos, porém, não consigo achar um candidato que reúna ao mesmo tempo qualidades como honestidade, interesse pelo social, capacidade administrava e que, pelo menos, tenha simpatia pelos valores que defendemos, além, é claro, de ser um ardente defensor da democracia.

Quando encontro alguém que tem simpatia pelos valores cristãos, por outro lado, é extremamente conservador com relação ao social e ardente defensor do laissez-faire, onde se acredita que o mercado pode resolver todos os problemas da humanidade. Por outro lado, quando encontramos alguém com maior sensibilidade para as causas sociais, em contrapartida, é uma pessoa que defende abertamente o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e tem aversão ao criacionismo, etc. E, por fim, temos nossa mais completa falta de interesse pela política e pelos assuntos políticos, aos quais só nos referimos de dois em dois anos, assim mesmo de forma acanhada e efêmera. Alguém pode justificar essa conduta ou atitude argumentando que a política contém muito vícios e pouca virtude, daí que o cristão deva se afastar dela para “não se contaminar”.
      
Contudo, não vejo nessa justificativa algo muito saudável para a cidadania e para as mudanças que almejamos. Não penso que alguém consiga ter bom discernimento político ou faça uma boa escolha de seu representante atentando para o assunto somente em época de eleições. Além disso, devemos ter em mente que não existem espaços vazios no poder: se os bons ou melhores não ocupam esses espaços, obviamente eles serão ocupados pelos piores ou coisa parecida. Não estou com isso defendendo que o cristão se filie a um partido e saia por aí levantando bandeiras ou participando de comícios de forma apaixonada. Não é isso. Falo de estar cotidianamente informado dos assuntos relacionados à politica, acompanhando o trabalho do seu deputado, senador, vereador; procurando conhecer a historia dos partidos, comparando o que seu parlamentar defendeu no passado com o que ele está defendendo no presente, etc.
         
É assim mesmo. Ser politizado dá um pouco de trabalho, e para isso não se esqueça de ler muito e filtrar as informações, principalmente aquelas vindas da TV e do resto da grande imprensa. Lembrando sempre que não se deve usar a breve volta de Jesus como desculpa para se eximir de suas responsabilidades como cidadão, invocando aqueles velhos argumentos (clichês) de que tudo que está acontecendo é cumprimento de profecias; que a sociedade não tem mais jeito; que na política todo mundo é corrupto; coisas desse tipo, que podem nos deixar cada vez mais insensíveis à dor do outro. Devemos votar e votar de forma consciente, sabendo que com esse gesto podemos  contribuir para a melhoria da sociedade em que vivemos, levando em consideração que somos somente candidatos ao Céu, mas que o nosso passaporte é adquirido com base na vida que levamos agora.

Não tente construir o Paraíso aqui nem contribua para o crescimento do inferno que já estamos vivenciando. Use o bom senso e cumpra com seu dever de “forasteiro terrestre” e futuro cidadão do Céu, onde tudo será perfeito; onde teremos nossa sede de justiça saciada; onde todos estaremos sob o governo do amor e da justiça; onde o Rei é o Criador e mantenedor de todas as coisas.

(Kleiner Michiles, sociólogo e membro do Núcleo de Cultura Política do Amazonas)

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