Seguidores

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Onesíforo, um Amigo Consolador.

Onesíforo, um Amigo Consolador.

Onesíforo, um Amigo Consolador.

Introdução:

Quem foi Onesíforo? Onesíforo significa “aquele que é útil”, ou que “traz vantagens”. 

Onesíforo conheceu a Palavra de Deus na cidade de Éfeso onde viveu a maior parte da sua vida. 

Ele contribuiu grandemente com a propagação do evangelho auxiliando a igreja cristã na obra missionária.

Onesíforo, aparece apenas duas vezes nas Escrituras Sagradas; uma citação está no início de II Timóteo e a outra no final do capítulo desta carta pastoral de Paulo.

Referências a Onesíforo: “O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias. Antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou. O Senhor lhe conceda que naquele dia ache misericórdia diante do Senhor. E, quanto me ajudou em Éfeso, melhor o sabes tu.” II Timóteo 1:16-18

“Saúda a Prisca e a Áquila, e à casa de Onesíforo.” II Timóteo 4:19.

O que chama atenção é que Onesíforo não está falando dele, nem se auto elogiando, mas é o grande apóstolo Paulo que o enaltece em seus atributos nos quatro versículos que fala sobre ele.

Para compreendermos a grandeza dessas palavras, temos que recordar o versículo de Provérbios 17:17: “Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão". Em outras palavras; você só conhece uma verdadeira amizade quando você passa por uma necessidade. É nesse tempo que os falsos e os verdadeiros amigos se revelam pelo procedimento de cada um.

Paulo estava vivendo um tempo muito difícil em sua vida: estava preso em Roma, prevendo que sua partida dessa terra era chegada, já se preparava para o dia de sua morte. Se não bastasse a angústia que se estabeleceu nesse tempo crucial, vários inimigos se levantaram com acusações falsas e de forma cruel desejando vê-lo morto.

Como se isso não bastasse, os próprios amigos e colegas de missões o estavam abandonando, na hora que ele mais precisava. Era muita angústia para uma alma só. É no tempo de solidão, angústia e medo que os gigantes da vida se revelam tentando nos paralisar e nos destruir.

Mas também é nesse tempo que Deus Se utiliza de pessoas especiais para demonstrar o seu amor para conosco e revelar os verdadeiros amigos que nos ajudarão a vencer nossos maiores atormentadores que se manifestam dentro de nós. Todos têm os seus inimigos internos e externos.

Em virtude do incêndio de Roma no ano 64 d.C., e da imputação desse crime bárbaro aos cristãos, e ainda, em virtude da prisão de Paulo, o grande bandeirante do Cristianismo e, consequentemente do seu iminente martírio, todos os amigos e companheiros de Paulo o abandonaram. Fígelo e Hermogenes talvez tenham sido os líderes dessa deserção.

Muitos cristãos da Ásia poderiam ter ido à Roma testemunhar a favor de Paulo, mas não o fizeram. Ficaram envergonhados.

Na primeira defesa de Paulo, ninguém se manifestou em seu favor. Veja o texto: “Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado.” II Timóteo 4:16.

Aquele era um tempo difícil e a fé apostólica corria sérios riscos. A ameaça vinha de dois fatores: da perseguição política e da invasão de falsos mestres. Depois do grande despertamento ocorrido em Éfeso, relatado em Atos 19, quando as pessoas aceitaram publicamente Jesus e abandonaram a idolatria, rompendo com a feitiçaria, seguiu-se uma grande perseguição. Parecia que o evangelho estava à beira da extinção. No meio dessa debandada geral, apareceu Onesíforo, cujo nome significa “portador de préstimos”, ele é como um lírio que floresce no lodo. É um exemplo de lealdade no meio de tanta deserção. O erudito Wilson Hendriksen diz que: “a beleza de seu caráter e nobreza de suas ações se destacam claramente no obscuro transfundo da triste conduta de todos os que estão na Ásia”.

A fidelidade de Onesíforo constituiu num estímulo para Timóteo permanecer firme em seu ministério, sem se envergonhar do evangelho e de seu embaixador em cadeias. Paulo encorajou Timóteo, através do exemplo de Onesíforo, a permanecer firme em meio a perseguição: Vejamos três características desse precioso amigo de Paulo:

1) Onesíforo foi um amigo abençoador. “…e tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso. II Tim. 1:18. Durante os três anos que Paulo passou em Éfeso, Onesíforo se desdobrou para servir Paulo em diversas circunstâncias e ocasiões, uma vez que ali possuía residência. Ele era um homem prestativo. Estava sempre buscando formas e meios para ajudar Paulo em sua missão de pregar o Evangelho.

2) Onesíforo foi um amigo consolador. “Porque, muitas vezes, me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas”. II Tim. 1:16. Ele não apenas serviu Paulo em Éfeso, mas também o encorajou muitas vezes, quando o apóstolo estava vivendo os dias cinzentos da prisão, na antessala de seu martírio. Diferentemente de outras pessoas da Ásia, não fugiu de Paulo por causa de sua prisão, mas o incentivou várias vezes, e não se envergonhou de sua prisão. O termo grego para ânimo “anepsixen”  significa “refrescar”, e a frase poderia ser traduzida por “envolveu-me com ar fresco”. Onesíforo foi uma espécie de “brisa fresca” para Paulo em seus momentos de provação. Quando estamos em dificuldades, mais do que em situações normais, necessitamos de palavras de ânimo!

3) Onesíforo foi um amigo encorajador. “Antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar”. II Tim. 1:17. Ele fez uma longa viagem de Éfeso a Roma. De Éfeso até Roma dava uns 1200 km. Aquele era um tempo em que os cristãos eram queimados vivos, decapitados ou colocados no Coliseu para as feras os devorarem. Desconhecendo em que local de Roma Paulo estava, procurou-o perseverantemente até encontrá-lo. Ele poderia ter desistido após várias buscas inglórias. Mas não desistiu até encontrar Paulo, para estar do seu lado, nos momentos mais difíceis da sua vida. Sem dúvidas, Onesíforo foi um homem de caráter nobre, coração quebrantado e amigo incomparável.

Que as marcas deste personagem, quase esquecido da Bíblia, desperte em nós o desejo de imitarmos o seu exemplo, bem como as suas atitudes!

Veja o que Ellen White escreveu sobre Onesíforo: “O desejo de amor e simpatia é implantado no coração pelo próprio Deus. Cristo, na hora de Sua agonia no Getsêmani, ansiou pela simpatia de Seus discípulos. E Paulo, embora aparentemente indiferente a durezas e sofrimento, almejou simpatia e companheirismo. A visita de Onesíforo, testificando de sua fidelidade num tempo de solidão e abandono, levou alegria àquele que tinha gasto sua vida no trabalho por outros.” Atos dos Apóstolos, 491.

Ser um seguidor de Cristo não significa ter automaticamente imunidade às lutas da vida. Eles enfrentarão provocações, solidão, dúvidas e frustrações. Manter-se focado nas coisas de Deus e ao mesmo tempo lidar com as dificuldades da vida não é uma tarefa fácil. Essa é a razão de Deus ter enviado o Seu próprio Filho, para que pudéssemos ser adotados em Sua família, ver Efésios 1:5 e Ele pudesse cuidar de nós.                       

A função da igreja é ser uma família espiritual que acolhe e se preocupa com cada um dos seus membros. Na carta destinada aos Gálatas, Paulo os advertiu: “Façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé”. Gálatas 6:10. O próprio Paulo foi abençoado pelo conforto e “boas obras” dos irmãos de fé durante o período em que esteve preso. Essa experiência de comunhão autêntica foi descrita no livro de II Timóteo; a passagem escolhida para o estudo desta mensagem. 

Deus consolou Paulo através da bondade e do amor de Onesíforo e de outros fiéis. Não prestemos auxílio aos outros apenas para cumprir uma ordem de Deus. Ajudemos o próximo; pois dessa maneira podemos aliviar a nossa própria dor. A palavra menciona: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”. Em vez de nos concentrarmos em nossas próprias necessidades e nos consumirmos com o sentimento de autopiedade, Deus nos convida para concentrarmos nas necessidades dos outros, canalizando nossas energias de uma maneira mais produtiva.

Paulo exemplifica esse conceito em II Timóteo 4:17. Apesar de estar preso, seu objetivo ainda era partilhar a mensagem divina de esperança e cura. Ele menciona: “O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo”. II Tim 1:16.

Paulo, sozinho em Roma, sentindo a angústia da acusação e do abandono, foi nesse tempo de incertezas que a voz contundente do soldado romano se fez ouvir nas trevas da prisão: - “Tem um moço que o quer ver, o nome dele é Onesíforo”.     

Creio que o coração do velho apóstolo saltou de perplexidade e alegria, num misto de sentimentos: choro, risos e expressões de louvor e adoração a Deus pelo amigo e presente que recebeu numa hora tão crucial.

Nas poucas palavras de Paulo, ao seu discípulo e pastor Timóteo, Paulo mostra o impacto, e a influência que Onesíforo teve na vida e no ministério do amado apóstolo. Sobretudo, no tempo de grande necessidade de um amigo, de um consolador.

Pode-se viver a vida toda ao lado de uma pessoa, quer seja do amigo, colega, parente e irmão, esposa, esposo, mas são os pequenos atos de amor demonstrados em tempo de necessidade e angústia que marcará para sempre as lembranças agradáveis, solidificando assim uma grande amizade e cristianismo.

Conclusão:

Onesíforo foi portador de alegrias. “…muitas vezes me deu ânimo…”

Onesíforo foi portador de consolação em tempo de acusação. “…não se envergonhou das minhas cadeias” Foi uma amizade a toda prova. Pagou um preço alto para rever o amigo e pastor. “Antes, quando veio a Roma, diligentemente me procurou e me achou.” Percorreu milhares de km, atravessando rios, mares, frio, solidão, perigos de salteadores. Foi diligente, persistente, obstinado até encontrar o amigo Paulo.

Servo fiel. ” …e quanto serviços me prestou em Éfeso, melhor o sabes tu.” Quando muitos queriam ser servidos, Onesíforo servia a igreja como ao Senhor.

Quais são as recompensas de um consolador? Define-se consolador aquele que está ao lado para amparar, levantar, erguer. Onesíforo foi um símbolo do Espírito Santo. Os que têm esse dom de misericórdia são mensageiros do Espírito Santo, o consolador, do qual Jesus nos deixou antes de sair desta terra, uma promessa, que o amparo aos necessitados nunca se apartaria. Ver João 14:16 e 17.

Alguém já disse que o que enobrece a vida de um homem não é sua riqueza, sua erudição, sua boa posição social, sua jactância, pois todos se nivelam diante da morte. Como disse certo prisioneiro nas suas últimas palavras antes da cadeira elétrica: “O homem pode ser um rei ou um lixeiro, mas todos se estremecem diante da foice da morte.”

Pelo serviço de amor prestado a Paulo, a bênção de misericórdia foi também estendida a toda casa de Onesíforo. Misericórdia é tudo que precisamos quando nos encontrarmos com o Senhor da glória, no dia do juízo final. Para que isso aconteça você terá que mostrar nessa vida as obras de amor que provarão se sua fé é verdadeira ou não. Ver Tiago 2:14-17

Onesíforo deve ser nossa inspiração no serviço, no amor à igreja, aos irmãos, e pessoas que de nós necessitam.

Também aprendemos com Onesíforo, a sermos portadores de boas novas, a levar ânimo aos que estão desfalecendo, a pagar o preço; suplantando distâncias, perigos, visitando e fortalecendo os que verdadeiramente necessitam de ajuda.

Onesíforo nos ensina a amar e a provar esse amor com obras que testificam essa fé professada. Aprendamos com Onesíforo a liderarmos nossa família envolvendo-a no serviço e na obra de Deus. Um bom cristão influencia através de seu exemplo de dedicação a Deus começando pela sua casa, passando pela igreja e avançando para a sociedade.

Precisamos de mais gente como Onesíforo na igreja de hoje. Ele é um desses personagens bíblicos que são facilmente esquecidos por causa de nossa tendência a focar nos “gigantes” das Escrituras como; Abraão, Moisés, Davi, Pedro, Paulo, Daniel e José. Imitemos o exemplo de Onesíforo!


Luís Carlos Fonseca

Nenhum comentário:

Postagens de Destaque